Aquilo que me inspira, levo para casa.




31.12.13

Capturando Dezembro

Neste mês de Dezembro procurei tirar fotografias que registassem os meus dias numa espécie de diário fotográfico que ajudasse a mostrar a essência do ultimo mês do ano. Dezembro é um mês fácil de ser capturado em imagens já que a época festiva o torna propício à fotogenia. Para além disso, é um mês de aniversários importantes para mim. Foi-me, por isso, fácil tirar uma foto por dia ainda que tenham existido alguns dias que emprestaram fotos a outros. 

Foi assim o meu Dezembro:
#1- mercados de rua 
#2- a hegemonia dos enfeites de natal
#3- chãos estrelados
#4- fruta da época (romãs)
#5- espaços públicos engalanados
#6- castanhas assadas nas ruas de lisboa 
#7- carrosséis que criam magia
#8- cultura e arte na avenida
#9- árvores de folhas amarelecidas
#10- busca de inspiração para presentes 
#11- fitas coloridas para decorar a nossa vida
#12- broas e bolos-rei em montras
#13- paredes exibicionistas
#14- objectos que decoram o Natal
#15- árvores de folha caduca que acamam jardins
#16- a luz de Lisboa
#17- gatos enrolados em mantas
#18- manhãs
#19- aniversários de quem se ama
#20- Porto em modo natalício
#21- mercados que vivem de cores
#22- fins de semana à varanda
#23- enfeitar de Natal a casa própria
#24- preparativos
#25- livros, velas e aconchego
#26- epílogos
#27- espaços novos
#28- meias quentes
#29- fins de tarde em esplanadas
#30- chuva
#31- jardins de Inverno

30.12.13

Balanço de actividades 2013

Despeço-me de 2013 numa dicotomia de sentimentos. Se por um lado é um ano que se quer ver pelas costas, foi também, por outro, um ano que me mostrou algumas coisas de frente. Foi um ano de crise, de sacrifícios, de escolhas forçadas, de desemprego em demasia, de gente desesperançada e desesperada, de familiares apartados, de amigos afastados.  Houve excessivas más notícias vinculadas por uma classe política que se tornou desacreditada, os valores democráticos tornaram-se trémulos, a falta de esperança e de oportunidades ditaram uma falta de confiança nas estruturas sociais tornando o país, já de si vulnerável, num recipiente de pessoas descontentes e desmotivadas. 

Mas é verdade que a crise se pode revelar uma oportunidade, pelo que apesar das diversas dificuldades, posso com facilidade concluir que sinto que me emancipei enquanto pessoa no sentido de ter avançado no caminho de uma maior aceitação pessoal, de trilhar o meu próprio desenvolvimento pessoal, de me abrir para uma realidade que é muito mais ampla do que as pequenas janelas que teimava em abrir à vez. Tenho muito para percorrer, para descobrir, para melhorar, mas a tomada de consciência é o passo mais valioso de todos, a marca do nascimento de algo que, se for a bom termo, irá crescer, amadurecer e autonomizar-se. Tenho muito a agradecer por nos tempos menos bons me ter sido permitido manter o meu status quo, ainda que com alguns desequilíbrios e fragilidades, por ter conseguido manter a força para amparar as minhas quedas e principalmente as dos que me estão próximos. Sem ressentimentos, de maior, aguardo o sucessor do ano que agora termina, com ideias mais concretas, pensamentos mais organizados e construtivos que espero poder vir a fortalecer. A criação de raízes para florescer no sentido de uma construção activa da felicidade é talvez o contributo mais forte deixado a mim mesma durante este ano.



26.12.13

Do Natal e de outras festas


Não sou grande apreciadora do Natal tal como ele se tornou. Gosto do espírito, das vontades que marcam esta época mas tenho imensamente pena que estes afectos se armazenem em caixas que apenas se abram em Dezembro de cada ano. De qualquer forma, neste Natal tive muito boas surpresas e dediquei-me a alguns detalhes que me mostraram que amor nas mãos tornam-nas hábeis.










23.12.13

A minha montra


Em jeito de auxiliar de memória, de epílogo da minha passagem pelos várias feiras e mercados que marcaram este Natal e da cumplicidade que me une ao artesanal e à criatividade, fica uma composição que reúne algumas peças compradas a quem fez das suas ideias um negócio. Sinto-me cada vez mais uma coleccionadora, uma apreciadora de detalhes, uma ávida consumidora de produtos desenvolvidos por gente corajosa e cheia de talento.  

Porto, pois claro!

Voltem-se as vezes que se voltar e há sempre o que conhecer, o que é sobejamente bom num destino de que se gosta… muito.  Voltar ao Porto é sempre um prazer, um eco que se projecta e faz querer sempre regressar. E por isso voltamos sempre que nos apetece. Em diferentes alturas do ano, por distintos motivos mas sempre com a mesma vontade colada aos pés e com a mesma curiosidade a forrar os olhos. Sempre que lá vou há um pormenor que toma o lugar de tema da viagem.  Desta vez vivi o seu espírito de Natal, a sua vida de rua, a atmosfera fria contrastante com a recepção calorosa das ruas repletas de gente em festa. Fui a muitos mercados e bazares de Natal, não falhei o Bolhão, as rabanadas do Majestic (eleitas no imediato como as melhores que alguma vez provei), as filas na Confeitaria Ribeiro para encher e trazer uma caixa de croissants que foram sendo comidos depois de um capuccino tomado nas Galerias de Paris. Não faltei ao Mojito de Vinho do Porto, às tapas nos Clerigos, às fotos às Oliveiras engalanadas, às galerias de arte da Miguel Bombarda, às concept stores da Rua do Rosário, às retro stores da Rua do Almada, a subir os Aliados, a ir da Ribeira à Foz, a dormir na Casa do Conto, a petiscar no Mercado do Bom Sucesso, a conformar-me que tinha que regressar. Biba o Porto!








16.12.13

Ai, Lisboa

Ai, como eu gosto de descobrir Lisboa. Andar assim à toa e descobrir que em cada rua se esconde um segredo que desvendo. Espreitar nas esquinas e encontrar motivos para continuar até perder a minha orientação mas ganhar imagens repletas de detalhes. Lisboa é uma cidade viva, inquieta, que mexe. Há paredes incólumes, verdadeiras marcas do espírito conservador, locais sempre iguais a si mesmos. Há jardins que mudam consoante as estações, ora se enchem de folhas de tons ocre, ora se revestem de verde colorido ao sol. Há arte urbana, de fazer parar mesmos os olhares menos atentos; Há cafés que nascem nos espaços onde outros morreram, reencarnando ambientes e motivando outras gentes. Há livros ao colo, tablets sobre as mesas, cães que se espreguiçam, crianças que correm, momentos "instagramados". 
Lisboa vive e faz viver. 
Os velhos. Os novos. 
Adultos e crianças. 
Cães. Gatos e pássaros. 
Mobiliza. Instiga. Activa. Agita. 
Lisboa não é para ser descoberta é para se ir descobrindo, ao sabor dos dias, com a velocidade exigida pela cadência das horas, a um ritmo próprio que permita a vivência do seu pleno. 
Lisboa cativa. Lisboa não se gosta. Ama-se.






9.12.13

Síndrome de Estocolmo


Gigante implacável ou ponte de vistas maravilhosas, eis como pode ser notada a Ponte 25 de Abril, dependendo dos olhos de quem a atravessa Para a maioria dos moradores da margem norte do Tejo, esta ponte é um papão, um qualquer monstro que nos tiraniza e que deve a todo o custo ser evitado, o que faz dos moradores da margem sul do Tejo, vítimas dignas de compaixão. Já perdi a conta ao número de vezes que vi alguém olhar-me com cara de piedade após saber que a percorro todos os dias. Pela lógica de quem se julga com a sorte de a apenas atravessar rumo a férias, a minha relação para com ela deveria ser de evitamento e repulsa já que algumas horas do meu dia são reféns desta construção humana especialista em provocar trânsito. Lamento desapontar quem é defensor da ideia de que nos devemos sentir infelizes por passar algum tempo no trânsito, dizendo que sou suficientemente resiliente para achar graça à ponte 25 de Abril e conseguir olhá-la para além dos múltiplos carros que lhe pesam no regaço. Obviamente que não sou totalmente imune ao excesso de tráfego que por vezes se faz sentir. Já recebi reclamações severas do meu sistema nervoso pelo tempo em demasia no pára-arranca. Mas a maioria das vezes troco as voltas ao óbvio e deixo-me apaixonar por este agressor das minhas manhãs e finais de tarde. Afinal de contas, há coisas que não podemos solucionar mas podemos sempre escolher a forma como as encaramos. Como sou pelas escolhas, preferi não sucumbir à ideia de tempo perdido e considerar que as horas no trânsito podem também ser horas ganhas dependo do uso que se lhes dá.

27.10.13

Alentejo

Continuo a fascinar-me com Portugal e com alguns dos seus recantos. Este fabuloso mix, que tão bem sabemos dar aos nossos produtos e locais, de inovação com genuinidade, é algo que deveríamos sempre saber preservar e replicar. Volto ao Alentejo sempre que me apetece um regresso aos ambientes puros, ainda a conseguirem estar alheados dos vícios dos grandes espaços urbanos. E sempre que volto sinto, em muitos locais, que o Alentejo também cresce, também se emancipa, também se inova mas que, felizmente, consegue manter muita da sua traça, com produtos de base tradicional, pessoas carregadas de sotaque, comida que mantém os sabores da região no nosso paladar.

As fotografias abaixo são do Ecorkhotel Suites & Spa, localizado em Évora e recentemente inaugurado. O hotel faz um bom aproveitamento da cortiça revestindo com este material as paredes do seu edifício principal. É composto por várias suites independentes, tem um bom serviço e é excelente para uns dias de descanso e de contacto próximo com a natureza. Um conceito inovador no meio do Alentejo rural e onde se avistam somente campos de pasto. Um equilíbrio perfeito e do qual sou uma veemente apreciadora. 
















22.10.13

Catarse

Amei-te muito, às vezes sem saber e sempre sem te ter dito. Sempre foste mudo de palavras e emoções. Eu, desobedeci-te nas emoções, mas fui fiel seguidora na frugalidade das palavras. Sei amar muito mas digo-o pouco. Não me custa amar mas custa-me entregar o amor às palavras. Como se as engolisse e as encerrasse definitivamente em mim, sem qualquer escapatória. Herdei tal fardo de ti, isso e tantas outras coisas que parecem alheias aos genes mas que afinal são transportadas por estes até à exaustão. É incrível como me contagiaste com as tuas mãos quando tão poucas vezes mas deste, como me amiguei da tua curiosidade quando tão poucas histórias me contaste. 
Amei-te tanto, pai, sem tantas vezes me aperceber que o amor pode ter leitura difícil, que o amor tem personalidade múltipla, desdobrável em tantas séries quanto o tempo de uma vida. Ensinaste-me muito enquanto eu pensava que era pouco. Tantos contrários que apenas tardiamente me apercebi. Aprendi que a vida nos ocupa tanto tempo que nos impede que tenhamos dela consciência plena, obstando-nos de ver que não interessa a meta, interessa o caminho. Hoje sei o que me ensinaste a ser e a gostar, sei em pormenor aquilo a que te devo agradecer. 
Ensinaste-me, acima de tudo, e bem de mais, o que significa ter saudades. Mais uma vez o fizeste sem palavras. Essas, as poucas que sempre tiveste, foram-te arrancadas à força, submissas perante a crueldade de um fado triste. Todos temos um fim mas o teu foi cedo em demasia. Morreste antes do tempo. Do teu tempo e do tempo que eu tinha para ti. Por isso, hoje, tenho-o de sobra para pensar-te e faço-o numa rotina conservadora, assídua e pontual, sem que a ela tenha de dedicar qualquer esforço, tão naturalmente como qualquer acto básico da vida. Pensando em ti, tento trocar as voltas à tua mortalidade. Não te vejo, mas a imaginação serve-me para atenuar a cegueira. E abençoadas sejam as metáforas por tão bem enfraquecerem distâncias e por criarem a ilusão de que mesmo imaterializado ainda existes. 
Sinto saudades de ti e lamento por ti, pelo que não fizeste, pelo que não soubeste, pelo que não viveste e, acima de tudo, pelo que de mim não ouviste.

Dedicado ao meu pai e escrito para o sítio Para Onde vão os Guarda Chuvas

8.10.13

Valter Hugo Mãe

Não sei há quantos anos foi. Mas tenho a certeza que foi na Feira do Livro onde, sem excepção, compro sempre algo de um escritor português contemporâneo. A edição recente da Máquina de Fazer Espanhóis fez com que o nome de valter hugo mãe me estivesse na memória apesar desta, por essa altura, estar ainda em branco quanto a qualquer produto da obra desse autor. Na feira aconselharam-me a começar pelo O Remorso de Baltazar Serapião e eu, obedientemente, o fiz. Na minha lista de espera de leituras a vez do Baltazar Serapião chegou com uma viagem que fiz a Porto Santo, local propício para uma leitura dedicada. No avião de regresso já estava, obviamente, lido de página a página. Na altura escrevi no meu facebook o seguinte comentário reactivo:

E porque uns dias de férias não o são se não se saciar a leitura, não posso deixar de falar do livro que acabei de ler. Primeiro estranha-se a linguagem, demasiado arcaica e livre de regras, depois apaixonamo-nos por ela e o livro torna-se capaz de ser lido de uma assentada. No fim são demasiadas as emoções que nos assaltam, tantas quanto as possíveis sobre um tema que, de tão antigo, nunca perde a actualidade. A violência sobre as mulheres, o ciúme patológico, o menosprezo pelos valores maiores. valter hugo mãe conta numa metáfora como a idade media ainda habita no pensamento humano nos dias de hoje. Tão brutal quanto viciante, este livro deixou a porta aberta ao interesse em ler outros livros deste autor! RECOMENDADO!

E a vinculação começou aí. Curiosidade instalada, outros tantos livros se seguiram, os antigos (Novo Reino, a Máquina de Fazer Espanhóis, a Mãe) e os entretanto lançados (Filho de Mil Homens). Obviamente que mal avistei, num escaparate, o último dos seus lançamentos, o novíssimo Desumanização, sucumbi no imediato ao impulso da sua compra e foi na sua posse que no passado Domingo assisti à sua cerimónia de apresentação no Teatro Maria Matos, em Lisboa. Com uma sala cheia, de gente interessada, com banda sonora de Rodrigo Leão, foi um prazer ouvir o Valter Hugo Mãe falar de si, naquele seu tom genuíno e naif mas sobejamente inteligente para falar de tudo sem opressões ou filtros, numa ode à espontaneidade, e a saber contornar a sua assumida timidez ora com humor ora tocando assuntos sérios e caros na actualidade nacional, sem esquecer a profundidade poética da sua obra, a qualidade intrínseca de todas as palavras que são impressas. Saí de lá com um autógrafo, visivelmente feliz, com tanta vontade de combinar um café para dois (ou três, ou quatro…) dedos de conversa. Será pouco provável mas para já vou conhecê-lo mais um pouco quando ler Desumanização

27.9.13

A Oeste tudo de bom

Foram três dias muito especiais. Daqueles que encaixamos na vida com o rótulo de "Muitos Bons". Apesar da data ajudar a dar um laivo cor-de-rosa aos dias, o país que temos dispensa facilmente as ajudas. É bonito, grandioso e surpreendente. Cada vez gosto mais deste país de que muitos teimam em (somente) falar mal. Temos locais fantásticos, ideias geniais, gente empreendedora, de bom gosto e de uma vontade maior. Pessoas que concretizam os seus sonhos e que ajudam os outros a sonhar mais um bocadinho. Apaixono-me por cada recanto do meu país e deixo-me encantar por este apaixonar de todos os dias.