Aquilo que me inspira, levo para casa.




17.1.14

::dois polos::

Passo os dias entre o cinzento e o rosa, o protocolar e o coloquial, o direito e o inclinado, o sério e o divertido. Há austeridade e leveza na completude dos momentos. Tão diferentes são os meus mundos que um quase não conhece o outro. Há o mundo que me recebe e há o mundo que eu quero receber. Ambos me confortam e inquietam em igual medida. Uma luta de interesses que me assoberba. Onde gosto não me acometo, onde sobressaio não me deleito. São os vícios antigos que ditam as regras que não almejo cumprir. São os sonhos futuros que mostram caminhos que receio seguir. Pareço alienada mas na realidade é o que me estabiliza, o que me permite deitar fora a tacanhez e dar banda larga à minha forma de estar e de ser. Conseguirei ser tão maior quanto mais me for permitido ver os dois lados de uma mesma realidade. 

13.1.14

:: acordares ::

#1
Acordo com o som que a rua me oferece. Palavras soltas voam com o vento e colam-se à minha janela. O som longínquo aproxima-se até me abrir os olhos (…3…,2…,1…). Tenho somente como companhia o beijo que me deste. A pouca luz que atravessa as frinchas da janela perde-se algures nas paredes brancas do quarto. Levanto-me e deixo que o frio me empurre até ao local onde a pele sentirá a água de um banho quente. Estou algures entre a minha pele e a água que me entorpece. Encontro-me novamente quando fecho a torneira. Volto ao quarto e encho-o de música. A banda sonora é condizente com o meu algoritmo emocional. “I was trying to sleep when everyone woke up” revela-se perfeita. Abro um livro na página onde o deixei e retomo a sua leitura em baixas rotações. Poucas páginas bastam para que o largue. O tempo ganha força desde o momento em que dou por ele. Dirijo-me à cozinha imaginando que me espera a mesa posta com um pequeno-almoço igual ao das fotografias que abundam na internet. A ilusão exibe-se pela ausência de qualquer aroma denunciador. Sorrio para a minha ingenuidade e saio de casa trazendo o livro na mala. Tomo café na esplanada e a natureza encarrega-se de me pôr a mesa. Fico e deixo que a força do tempo se amenize. Resisto a pressas e aproveito o momento meu.


#2
Acordo minutos antes do despertador. A luz é fraca mas percebo que já é dia por detrás da janela. Há carros que passam e apitam sem se preocupar que há sonos que ocupam a rua. Quando o despertador se liga, o quarto enche-se de vozes da rádio que, àquela hora, apenas me soam a poluição. A custo abandono a minha almofada e estico o corpo. As pernas verticalizam e os pés percorrem o caminho, que sabem de cor, até aos chinelos. Enquanto caminho até ao chuveiro, os olhos teimam em querer estar cerrados. Somente a água é imperativa o suficiente para os manter abertos enquanto o cérebro desperta em definitivo. O dia começa quando a pele sente que está viva. Planeio o dia, penso no que ficou do dia anterior e no que não poderá ficar no dia que começa. Quando a torneira se fecha os pensamentos não deixam espaço para mais do que movimentos automáticos. Uma cadência de actividades dita a forma como aproveito o tempo até que a porta de casa se fecha. O trânsito espera-me e eu conduzo o meu carro e o meu corpo ao encontro da mesa de trabalho. O tempo não pára mas está controlado. Nesse momento, no carro, a música torna-se bálsamo e o carro enche-se de som. O momento é meu.

11.1.14

:: twin bridges meet ou fazer a ponte para o instagram ::



Hoje foi dia de fotografar a ponte já que fui uma dos muito instagramers que aderiu à iniciativa #twinbridgesmeet a qual pretendia promover a união entre as pontes 25 de Abril, em Lisboa, e a Golden Gate, em São Francisco. O resultado será uma galeria de fotos destas duas pontes, tão idênticas em termos de arquitectura mas tão afastadas geograficamente, partilhadas no instagram por utilizadores de todo o mundo. Já por aqui disse que sou apreciadora da ponte 25 de Abril e o Instagram é cada vez mais a minha rede social favorita, pelo que não poderia deixar de ir à procura do melhor ângulo desta ponte para, juntamente com outros, partilhar a sua fotogenia.







8.1.14

:: o meu momento Hygge ::



O Hygge é para mim um estilo de vida inspirador, um conceito que gostaria de priorizar e assumir como fazendo parte da minha rotina diária. Saber admirar as coisas simples que nos poderão fazer felizes, dar valor aos pequenos detalhes retirando-os da banalidade e elevando-os a peças fundamentais do quotidiano, apreciar os momentos através de pequenos rituais que os embelezam, são virtudes que tenho aprendido a desenvolver e a relevar. Quero cada vez mais encher a minha vida de momentos Hygge para que a tradução deste conceito passe a dispensar as palavras e se baseie unicamente na perpetuação de uma forma de estar.


7.1.14

:: a propósito de heróis ::

Dizem que precisamos de heróis. Eu acho que não precisamos de heróis, precisamos sim de aprender a identificá-los. Precisamos de mais facilmente legitimar os heróis dos nossos dias, não esperando que sejam os grandes influentes do nosso tempo a ditarem quem poderá aceder a esta posição. São heróis, aqueles que pelos seus feitos e pelo seu carácter, acrescentam valor à sociedade sendo, por isso, dignos de admiração. É possível ser-se herói no anonimato sem que a ausência de exposição pública diminua o merecimento deste estatuto. Não se é herói somente porque os outros sabem, é-se herói pelo mérito que se tem seja este (re)conhecido pelo colectivo ou simplesmente notado pelo seu núcleo de influência.   Não devemos fechar os olhos aos potenciais merecedores deste estatuto abrindo-os somente para vislumbrar alguns, demonstrando uma selectividade que enviesa o reconhecimento do mérito dos muitos que contribuem para a sociedade e para os outros. Todos precisamos de heróis, mas todos precisamos de ter uma mentalidade de portas abertas onde saibamos reconhecer, de igual forma, o valor de cada um.   

6.1.14

?

saiu-me o ponto de interrogação
queria o ponto final
já me saíram as vírgulas
até mesmo a exclamação
mas a frase fica sempre em suspenso
sem final
sem resposta

5.1.14

:: chuva ::


Não consigo gostar de tantos dias de chuva. Consigo gostar da chuva que se cruza com o sol, da chuva que fala alto mas que em seguida sossega, da chuva que nos cumprimenta à pressa para ir visitar outros que, provavelmente, a esperam.

Não consigo gostar de não ver o azul que cobre o céu. Consigo gostar de céus cinzentos amantizados de nuvens passageiras, de céus plúmbeos que põem à vista arco-íris, de azuis pálidos avivados nas manhãs seguintes.

Consigo gostar do Inverno quando existem notas cálidas à solta dentro de casa, quando recebo abraços quentes que tornam insignificante o calor das mantas, quando existem ambientes aquecidos pela ebulição de afectos . 

Consigo gostar de dias frios, quando me esperam chamas na lareira, quando há música a encher o espaço livre da casa, quando aguardo um forno repleto de aromas que se comem, quando me espera um livro com letras que ainda não li.

Não gosto do despotismo da chuva nem da tirania do céu cinzento mas amo incomensuravelmente a capacidade de lhes retirar o poder distribuindo-o por pequenas coisas que valem a pena. 

1.1.14

Plano de acção 2014

Depois do breve balanço referente ao ano 2013 resolvi, como exercício psicológico, fazer o registo daquilo que pretendo empreender durante o ano 2014, enumerando as grandes linhas de acção. Terminei 2013 com algum entusiasmo vindo de algumas ideias e propósitos estipulados a mim mesma que espero conseguir desenvolver e concretizar durante este ano. Afinal de contas, mais do que aspectos externos, será a minha perseverança e obstinação que farão vingar aquilo que agora não passam de meras ideias, fazendo com que acções em estado embrionário passem a objectivos cumpridos. São 10 as minhas linhas de acção, tantas quanto os dedos de duas mãos e podem ser resumidas pelas seguintes palavras: 




Primeiro dia do ano

Do primeiro passeio do ano, resultaram as fotos que marcam o início dos posts de 2014. Um dia cinzento, pouco motivador para abandonar o quente de casa, mas que se veio a revelar inspirador. Um café na praia, a Arrábida como pano de fundo, agasalhos vestidos e a vontade sempre presente de fotografar aquilo que aos nossos olhos merece ser replicado.