Aquilo que me inspira, levo para casa.




21.7.14

:: troquem-se as armas por girassóis ::



Quanto mais leio e sei de notícias hediondas, mais sinto o apelo por me aproximar dos básicos. Uma jarra de girassóis pode não compensar a minha indignação mas serve de impulso para me relembrar que a beleza existe num campo de flores ou num quadro de VanGogh. É que é difícil manter a sanidade mental numa sociedade que por vezes se comporta de forma tão perversa. Quando algo verdadeiramente me choca sinto uma opressão no peito e na capacidade de me expressar, que por instantes perco o compasso da minha respiração e fico incapaz de falar seja o que for. Nos últimos dias isto tem sucedido a uma frequência fora do desejável. Há demasiado horror nas notícias impressas nos jornais e divulgadas pela televisão, há demasiado terror por este mundo fora como se a difusão de actos vis e desumanos fosse a nova forma de evangelização de uma doutrina da desumanização. O que é que se passa com os povos deste mundo? Desde quando a crueldade substituiu em tão larga escala a moralidade e a decência para com os outros? No fundo, as mentalidades não evoluem, aprendem a disfarçar a génese que não se altera. Não se pense que prossigo alienada. Sou capaz de ver poesia numa flor mas tal não me cega para ver a facilidade com que se ceifa a beleza do mundo. Apesar da dor, persisto em manter-me actualizada, informada e nunca à margem do sofrimento que pertence ao mundo. Se pudesse, colocava girassóis nas cabeceiras de quem precisasse de reacreditar no mundo.

17.7.14

:: ícones do design ::


Alguns trabalhos seleccionados do Die Neue Sammlung (Nova Colecção), parte do International Design Museum de Munique, são exibidos actualmente no museu Pinakothek der Moderne. A colecção total abrange 80.000 artefactos relacionados com design industrial e de arte aplicada e datam de 1907 o que faz da Die Neue Sammlung o maior e mais antigo museu de design do mundo.

Na minha visita ao museu Pinakothek der Modern na referida cidade alemã pude apreciar, fotografar e deleitar-me com a mostra de verdadeiros ícones do design expostos de forma verdadeiramente apelativa e fotogénica. Para quem aprecia objectos vintage, esta foi das minhas secções preferidas do museu. Ficam algumas das fotos.











16.7.14

:: e/ou ::

Nunca fui, e dificilmente serei, fundamentalista. Gosto de ligações, de fios condutores de "es". Jamais acharei que a razão se encontra instalada de um só lado e que ao outro cabe somente assumir a sua ausência. Ser fundamentalista implica estar única e totalmente de um dos lados da barricada nunca se isentando desse comprometimento absoluto. Como no fundamentalismo só há “ous” o mínimo deslize aos seguimentos de uma vertente implica que tacitamente se esteja do outro lado.  Ou se é amigo ou se é inimigo. Ou se ama ou se odeia. Ou se defende tudo ou não se defende nada. Não consigo ter para mim este absolutismo de opinião. Sou demasiado relativista ainda que convictamente. Porque não confundo convicções com fundamentalismos. Existem demasiadas áreas cinzentas para que somente o preto e o branco sejam defensáveis . Sou mais por encontrar a virtude ainda que não no meio, pelo menos no caminho entre uma ponta e outra. Aprecio verdadeiramente o acto de encontrar a ligação entre as coisas, de testar o contraditório, de confrontar as verdades encarnando o papel de “advogado do diabo”. Não, o fundamentalismo não me assenta. É demasiado próximo da intolerância.  Amigo chegado e confidente. O tudo ou nada assusta-me. Já o equilíbrio, é algo perfeito.  

15.7.14

:: a chuva de Munique ::

Fui apanhada desprevenida pelo (mau) tempo. Chuva e temperaturas a rondarem os 15ºC no mês de Julho são argumentos fortes para que o mau humor marque alguma presença. Principalmente a chuva impede que a atmosfera de uma cidade seja vivida em pleno e não há como não ter influência na imagem que se cria de uma cidade. Ainda assim, calcorreei Munique mais do que poderia imaginar que o faria ou conseguiria e tive até a sorte de conseguir ver que também ali o céu é azul. Não fiquei apaixonada, talvez nem mesmo enamorada mas, sem dúvida que fiquei agradada com esta cidade da Bavária que revela riqueza económica e cultural, assim como um atendimento caloroso e de qualidade. A verdade é que é sempre bom viajar, conhecer, descobrir, experimentar, desafiar-nos nas contrariedades e depois relembrar que mesmo os momentos que pareceram aflitivos e frustrantes foram um colectivo de aprendizagens.











14.7.14

:: 3 vivas para Budapeste! ::


Fui passar o meu aniversário a Budapeste e regressei bastante agradada com a escolha. Não sei se a travessia de pontes me remonta para um imaginário de familiaridade, se o facto da cidade possuir duas margens distintas na sua oferta e geografia, me fazem, também, lembrar aspectos familiares como a bipolaridade que assenta no ser humano, a verdade é que gostei bastante da cidade e me foi fácil abandonar ao proveito das suas ruas, esplanadas, cafés, museus, atmosferas e todos os espaços que fazem uma cidade. Já com uma oferta turística interessante mas ainda sem cair no turismo massificado é ainda uma cidade perfeita para se ver e chegar perto do que queremos fotografar, para conseguir mesa num restaurante sem filas ou necessidade de marcação, para conseguir escolher e planear a gosto. E depois, tendo sido palco de um dia importante terá sempre um marco de local feliz.













7.7.14

:: são 40, senhores, são 40! ::

40!
40!
40!

Ainda não me são indiferentes as quatro décadas que distam desde o dia em que nasci. Nunca conseguirei sair incólume da pressão que a passagem do tempo exerce sobre mim. Ainda que tantas vezes tivesse desejado que ele desse passadas maiores que os minutos que lhe compõem as horas, a verdade é que este percorrer inexorável me deixa sempre um aperto que sabe a melancolia. Aceito com alegria e felicidade mais um aniversário mas terei sempre de respeitar esta essência emocional que me rege e me faz sentir as coisas tão profundamente que um desprender delas me parece acção impossível ainda que me encham os ouvidos dos habituais clichés (que eu própria utilizo junto dos ouvidos dos outros) para amenizar os efeitos da passagem do tempo.

São 40! 40!

E no entanto, parece que foi ontem que nasci e que percebi que nunca me iria conhecer. Quase consigo tocar com os dedos no meu eu inicial que entretanto cresceu e se desenvolveu. Aprendi muito nestes 40 anos (40!!!) e espero poder manter sempre este processo de acumulação de sabedoria que, apesar de não nos retirar idade,  é mesmo das melhores coisas que a vida pode proporcionar a alguém. O que se perde em anos, ganha-se em aprendizagens e é este o equilíbrio que, não sendo perfeito, nos sustenta e afaga a existência. 

Cheguei aos 40 anos e guardo comigo uma série de memórias aos retalhos cuja junção daria uma manta que muito bem adornaria qualquer espaço meu.  Aqui e ali chegam-me recordações de momentos vividos, recriados por memórias sobrepostas que envelhecem mas não se apagam e que formam o conjunto que me constitui. Afinal de contas, eu sou o que as minhas memórias dizem de mim. Gosto de sentir que cheguei aos 40 num suave equilíbrio entre maturidade e actualidade. Sinto que tenho maturidade nas minhas acções mas mantenho a actualidade nos meus gostos e no meu estilo de vida o que faz com que a juventude se perpetue no espírito ainda que o exterior comece a denunciar que os anos pesam na elasticidade da pele e no contorno dos olhos. Nada a fazer. O envelhecimento é certo e é esta sensação de prazo que nos deve mover para aproveitar sempre aquilo que os dias podem fazer por nós (ou melhor, tudo aquilo que nós podemos fazer pelos dias).

4.7.14

:: aprender é um verbo transitivo ::


Aprendi que a essência de alguém se mantém sem que o tempo a deturpe. O que fomos, seremos sempre ainda que de diferentes formas;

Aprendi que essa essência nem sempre é reconhecível pelo próprio e que às vezes são os outros ou as circunstâncias que as evidenciam;

Aprendi que o melhor da vida são os elementos básicos que a constituem e que o pior cego é aquele que os menospreza;

Aprendi que as escolhas são o mote da felicidade e que não há felicidade se nos amputarem na capacidade e liberdade para decidir;

Aprendi que a felicidade é, ela própria, uma decisão;

Aprendi que a aceitação é tão importante quanto a luta e que o difícil e exigente é decidir por uma delas;

Aprendi que para evoluirmos teremos de aprender a estar connosco;

Aprendi que não há verdades absolutas mas sim pessoas e existências e que são estas que legitimam as suas próprias verdades;

Aprendi que os valores se desgastam mas que há sempre quem os guarde devotamente para que, mesmo desgastados, não se percam;

Aprendi que o amor só é verdadeiro quando faz aumentar o amor-próprio do ser amado;

Aprendi que o silêncio entre duas pessoas só tem palavras quando a cumplicidade fala por elas;

Aprendi que o equilíbrio é a mais soberana das virtudes;

Aprendi que podemos sempre ir mais além desde que não estejamos parados e que mesmo parados podemos sempre ler um livro.

2.7.14

:: o melhor da vida pode ser simples #2 ::



Dia de semana:

Pegar no carro. Parar num porto de abrigo. Pedir uma bebida fresca. Conversar. Ouvir. Apreciar. Partilhar descobertas. Deixar-se ficar. Sair. Pegar no carro. Chegar a casa.

Este percurso muda tanto ao tradicional pegar no carro e ir para casa, que dias rotineiros são transformados em dias especiais só pela finalização que se lhes dá.  Ás vezes é tão fácil adicionar pequenos detalhes aos dias que nos parecemos esquecer que basta acrescentar algo de diferente para trazer valor à rotina instalada.