Aquilo que me inspira, levo para casa.




17.11.14

Gosto do Porto.

Gosto de cidades dinâmicas. Daquelas que não ficam à espera que o tempo passe para se inovarem, para crescerem mais um bocadinho, para surpreenderem. Gosto de cidades que convidam à fotografia quer de panoramas, quer de pequenos detalhes. Gosto de cidades que são bonitas em qualquer estação do ano, com qualquer cor a condizer com o seu sorriso. Gosto de cidades urbanas com mar à vista. Gosto de cidades extrovertidas, douradas, vaidosas e diversificadas. Gosto de cidades modernas que respeitem a sua tradição. Gosto de sotaques, de calões regionais, de diferenças de culturas. Gosto de subir e descer ruas, cruzar avenidas, passear por praças. Gosto de ir ao encontro daquilo que não sei mas que passarei a decorar. Gosto de cidades assim. Gosto do Porto.







11.11.14

Música

Sem a cadência harmoniosa dos sons que se juntam e se separam construindo, habilmente, a banda sonora dos dias, a minha vida não seria a mesma. A música é uma aliada de todos os tempos que me compõem, o passado, o presente e o futuro. Uma terapeuta de todas as horas, descomprometida com doutrinas mas somente empenhada em encher-me de tons que me colocam no lugar certo.


5.11.14

Um grande bem-haja



Aos lutadores deste mundo, àqueles que acreditam nas suas escolhas sem nunca desistir, aos que permitem que os sonhos ocupem o lugar mais valioso da sua vida, não sendo cegos mas conscientes;

Aos que tratam, que cuidam de vidas que não são suas estimando-as como à sua própria existência, dignificando o outro, fortalecendo-o e oferecendo-lhe respeito e amizade em troca de um aparente nada que esconde, afinal, o tudo;

Aos que estão sempre lá, sempre prontos para partilhar o que quer que um amigo carregue, seja desalento ou paixão, seja angústia ou euforia, qualquer que seja o peso ou a insustentável leveza;

Aos que inspiram, sem que precisem mais do que um gesto simples, sem que se esforcem para o realizar e sem exigirem reconhecimento desse facto. Os verdadeiros inspiradores fazem-no naturalmente, sem treinos, ensaios ou aprendizagens;

Aos que partilham as suas experiências, oferecendo ao mundo o seu conhecimento e a exposição das suas vidas em prol de um bem comum;

Aos que criam beleza, acrescentam valor, adornam os pequenos aspectos da vida, abrem portas ao magnífico, deixam que o bom e o belo se dissemine;

Aos que me acarinham com amizade, amor, respeito e reconhecimento, aos que me fazem ser o que sou, querendo ser melhor, aos que me abraçam e fazem com que esse abraço perdure no tempo;

Aos que me ensinam, me mostram, me confrontam, me fazem crescer, me desenvolvem, me intensificam enquanto ser humano, me mostram que pouco sei do tanto que há e por isso me incitam a saber mais;

Aos que sinto saudades, aos que pensei e nada disse, aos que me fazem lamentar o tempo que deixámos de partilhar, aos que deixámos as palavras serem poucas;

Aos que me evidenciaram que conhecer e permanecer na zona de desconforto faz doer mas mas eleva-nos.

4.11.14

E se não existissem espelhos?


Tinha tenra idade na primeira vez que me olhei ao espelho e percebi que eu era muito mais do aqueles olhos que me olhavam. Quando percebi que nunca poderia sair daquele invólucro e teria que aguentar comigo para o resto da vida metida naqueles sentires e naqueles pensares,  senti uma espécie de prisão. Aperceber-me que, sendo eu uma criança, estava a ter este tipo de pensamentos, confirmou-me que conviver comigo seria sempre um acto de paciência e de introspecção e  catalogou-me, em definitivo, como alguém precoce. Seria mesmo? A minha consciência do self teria chegado cedo em demasia ou o silêncio do que não se partilha legitima erradamente a precipitação de julgamento? Nunca falei destas questões com adultos, não fossem achar uma tremenda bizarria, e nunca achei ter por perto outras crianças onde fosse fácil encaixar este assunto. Por isso este tema cresceu comigo sem que eu nunca tivesse sabido se ocupava a média, ou se caía nas franjas da curva normal, no que diz respeito à complexidade dos pensamentos para a idade.  Continuo a olhar-me ao espelho e a ter noções idênticas às iniciadas em criança, embora num crescendo de complexidade e de maturidade contudo assentes em bases antigas. Penso em demasia, saltando de self em self, verificando as várias perspectivas e nem sempre me decido por alguma. Acho que a este respeito serei coerente do princípio ao fim e posso assumir que não há rugas nem envelhecimento nos meus pensamentos e na minha forma de me sentir no mundo.