Despeço-me de 2014 a saber nomeá-lo como
um ano bom. E adoro poder fazê-lo principalmente porque sinto que parte daquilo
que correu bem se deve a iniciativas que tomei e a acções que preconizei. Pela
primeira vez, posso afirmar que os objectivos que tracei no início do ano,
foram todos tratados com muito carinho e alcançados numa plenitude nunca antes sentida.
Isto também se torna especial porque significa que agi em conformidade com os
meus ideais e com aquilo que assumo ser o meu projecto de vida. E esta distinção
ainda se acentua porque na realidade nunca senti qualquer imperativo no meu
caminho, nunca agi de forma forçada, como se tudo tivesse surgido de uma
maneira leve e livre. Como a perfeição não existe, subsistem acertos que mantêm
a exigência da minha atenção. Mas enquanto houver estrada para andar, os
retoques farão parte de uma vivência saudável. Para já, quero saborear bem os efeitos
positivos deixados pelo ano que agora termina. Quero aprender com tudo aquilo
que correu bem e melhorar todas as fraquezas que conseguir identificar. A
manutenção de um estado de graça é, por vezes, difícil, tenho consciência
disso. Sei que 2015 poderá não ser tão generoso para comigo mas são os aspectos
básicos que constituem os alicerces para encarar e superar o menos bom de uma
forma construtiva. É só isto que quero, mais que uma boa vida, quero uma vida
boa. E isso só depende de mim e do melhor uso que souber dar às minhas forças e
às minhas fraquezas. Por isso, vou continuar a dar liberdade aos meus
propósitos, a reflectir sobre aquilo que quero e como o posso fazer, a não
deixar de pensar só porque me magoa, a enfrentar os fantasmas para os
desmascarar e fazê-los de aliados. A viver… da melhor forma que conseguir.
31.12.14
30.12.14
O meu momento do ano
Estava um dia quente embora a
chuva se fizesse prever pelas nuvens que ao longe se avistavam. O dia mal tinha nascido e as surpresas já se
amontoavam pelo quarto. Tudo preparado tendo o pormenor envolto em papel de embrulho.
Algumas das surpresas foram tomadas nas mãos, outras avistadas a quilómetros de
distância. (O simbolismo do amor encontra-se retratado nos detalhes dos amantes).
O pequeno-almoço foi tomado
no pequeno pátio de chão de madeira e paredes de hera. As manhãs de verão são
especialmente convidativas para iniciar descontraidamente qualquer conversa.
Falámos de muitas coisas sem que o tom de contentamento se desvanecesse,
ouvimos palavras vindas de outras bocas, com sotaques de outras terras, mas
nada roubou o significado às nossas promessas. (A plenitude da atenção alcança-se pelo quanto se ama quem nos escuta).
Quando saímos, o dia cheirava a
cumplicidade e a festejo. Foram horas a passear sem mapa por ruas desconhecidas,
o acaso a guiar-nos os passos, a curiosidade a envolver cada decisão. Os dias
que são deixados sem orientação e sem tempo, são aqueles que crescem por si
mesmos e que nos devolvem mais o que recordar. O Danúbio, acenava-nos sempre
que os nossos olhos se cruzavam com as suas águas. As pontes insistiam para que
as cruzássemos. Ora cá ora lá entre Buda e Peste. (É tão fácil ser feliz
quando a serenidade nos aconchega e nos deixamos maravilhar pelo desconhecido
que se mostra afectuoso).
O calor da tarde ditou a paragem numa esplanada e uma
limonada bem fresca foi a receita para uma sede que exigia líquidos. A musica soava ao longe, algumas gargalhadas toavam de perto, dando à atmosfera um ambiente alegre e contemporâneo. A conversa uma
vez mais se juntou connosco à mesa, e ali ficámos os três, perdendo o tempo de vista até o entardecer espreitar e
sentirmos que tínhamos de ir embora, para qualquer outro lugar que nos recebesse de forma igualmente bela. O corpo perde o peso para o doar à alma
quando nos encontramos agraciados. (A leveza do corpo é tão mais sustentável
quanto for o peso que soubermos dar à alma, insuflando-a de júbilo e de
reconhecimento pelos momentos que se movem para sempre em nós).
Se tivesse que
escolher o momento mais memorável do meu ano de 2014, seria esta tarde na
esplanada junto ao Danúbio, dividindo a minha atenção entre mimos e uma bebida
fresca, sentindo uma leveza que me permitia voar para onde as nossas conversas fluíssem
e sentindo-me grata por simplesmente estar ali. (A felicidade pode, afinal, ser tão simples)!
29.12.14
Os dias seguintes
E o quanto eu gosto dos dias seguintes? O depois sabe-me a tanto, quase a tudo. Os dias em que o mínimo é o mais que se deseja. Gosto de visões simples depois de sentimentos complexos e atordoantes. Basta-me um céu, nuvens e umas copas das árvores para sentir que ganhei tudo. Não preciso de mais generosidades. Só preciso da serenidade que os dias me podem dar e de sentir que as emoções e os afectos me guiam. Depois disso terei sempre os dias cheios e numa completude que tudo o mais dispensa.
2.12.14
Viajar... sempre
Para evoluir é preciso saber desprender da zona
de conforto. Viajar é a forma mais agradável de o fazer já que nos oferece uma
fuga, premeditada e calculada, aos lugares dos quais nos encontramos acomodados
amortecendo os efeitos dessa privação. Viajar é acima de tudo conhecer ao vivo
aquilo que interiormente já imaginamos como existindo, uma forma de validação
de histórias e de espaços. As viagens não chegaram à minha vida tão cedo quanto
gostaria mas fizeram dela uma refém dos momentos de evasões. Sou hoje todas as
viagens que fiz e todas aquelas que projecto fazer. Sem dúvida que todas as
fugas físicas e espirituais que as viagens me proporcionaram, me fizerem
desenvolver enquanto pessoa e me mostraram que há tantas zonas de conforto
quanto as que ambicionarmos que existam, sendo a pluralidade, neste caso, uma condição
vencedora. Por isso, as viagens nunca me saem da cabeça, são o meu vicio mais ambicioso e exigente mas que maior retorno me oferece.
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