Aquilo que me inspira, levo para casa.




31.8.15

No Verão reinam as praias

Para fechar Agosto em grande, já que Setembro é um mês híbrido em termos de estações, não podia deixar de mencionar as nossas praias. Todas iguais nos predicados, diferem nas suas características partilhando, contudo, a graciosidade. Somos um país de praias e, por isso, os pés na areia e o coração no mar são literal e metaforicamente o meu estado natural.

Das muitas fotografias de praias que reuni durante este Verão, partilho algumas neste meu canto que tem dedicado ao mar muitos dos seus textos.  

Praia das Bicas- Meco

Praia da Lagoa de Albufeira- Alfarim

Praia de São Torpes- Sines

Praia do Martinhal- Sagres

Praia do Beliche- Sagres

Praia do Tonel- Sagres

Praia do Amado

Praia da Zambujeira do Mar

Praia do Moinho de Baixo- Meco

Praia de Moledo

Praia da Costa Nova- Ílhavo

Praia da Saúde- Setúbal

Portugal

Dizer que temos um país fantástico é quase um cliché. Acreditar e ver que o temos, efectivamente, já é algo diferente. Mas não deveria ser.  Não basta conhecer uma ou outra região, para se poder generalizar a apreciação, é conveniente que se percorra o país para termos a noção de que a beleza, a genuinidade, a portugalidade são factuais. 

Portugal está na moda. Lisboa e Porto têm sido mencionados em inúmeras publicações internacionais de viagens, ganho prémios de turismo, incluídos em shortlists que mencionam destinos onde todos devemos ir. Basta passear pelas suas ruas para perceber que, de repente, o mundo além fronteiras tomou conhecimento da existência deste país que sustenta a costa mais ocidental da europa. Já não menciono o Algarve cuja fama já tem algum sustento embora não seja isso que tenha impedido o seu desenvolvimento de uma forma, muitas vezes, desinteressante.

Bom, mas não venho de todo falar de turismo. Venho falar de Portugal (continental) e de todo o seu território porque para se poder generalizar a sua beleza, tem de se travar conhecimento com as muitas terras, de diferentes dimensões, que abundam por esses caminhos de serra e de mar.  

Este ano tenho conhecido um pouco mais de Portugal. É incrível como sendo um país tão pequeno, nos parecem longe algumas distâncias a ponto de as preterirmos consecutivamente.  Por isso, resisti ao apelo do sul e do mar e fui para o interior e para as praias de rio e dei de caras com um país que não só é fantástico, como é do senso comum, como sabe acumular toda a espécie de adjectivos e substantivos que o tornam singular, admirável, repleto de um mistério que faz perdurar o ensejo de o conhecer com mais pormenor (de preferência sem ser em Agosto para que a sua autenticidade esteja extremada).

Deixo por aqui uma pequena mostra do tanto que vi. A maior parte correspondem a locais que eu não conhecia por nem sempre fazerem parte dos roteiros turísticos mais divulgados. Os habitantes locais são excelentes guias e é a estes que nos devemos dirigir quando pretendemos imprimir um toque de midas à nossa viagem. 


Aldeia da Mata- Rio Zêzere


Moinho das Freiras- Pedrogão Pequeno

Dornes

Praia Fluvial das Fragas de São Simão

Idanha-a-velha

Barragem Marechal Carmona

Portas de Rodão- Vila Velha de Rodão

Vale de Rossim- Serra da Estrela

Praia Fluvial da Loriga- Seia

Penhas Douradas- Serra da Estrela

Torre- Serra da Estrela

Rio Douro- Vila Nova de Foz Côa

Alfândega da Fé

Centro histórico de Guimarães

Palácio Mateus- Vila Real

Caminha

Festas da Senhora da Agonia- Viana do Castelo

Viana do Castelo

14.8.15

Narrativa do meu futuro eu



Olho para os meus pés e as meias não permitem ver que tom de pele se esconde. O frio já chegou faz meses e do calor apenas sobraram as saudades de o ter de novo. O tempo pertence-me e os locais onde me sento podem ser escolhidos por mim. Penso naqueles para quem dirigirei as palavras e não sinto qualquer nervosismo. Os pensamentos caem em campos de relva fofa e são amortizados pela maciez desta superfície. Já não esbarram contra paredes monocolores. Os boomerangs foram definitivamente arrumados em caixas invioláveis. Escrevo em cadernos modernos de traça antiga. Sei para onde vou embora me perca em pequenas doses de entusiasmo. O caminho, percorro-o em plena consciência de mim e daqueles com quem me conecto. Troco sorrisos e palavras cheias de valor inquantificável. Gosto do imaterial. De levar para casa a alma cheia e pouco peso na mala. - Obrigada! - Dito e ouvido, em eco! Sou feliz, e sei por que o sou. Escolhas ao alto, que algumas me foram amputadas e sei bem o valor da sua ausência. Escolhas ao alto, sempre, para depois actuar de braços apertos para agarrar o mundo. Já sem medos! Os medos caem em campos de algodão e por osmose imiscuem-se da delicadeza deste material. - Que dia é hoje? Já não interessa. Todos os dias são dias de ser eu.

4.8.15

O amanhecer sabe a doce



Levanto-me antes do dia. Restos de lua ainda escritos no céu. Rasgos de um sol ainda estremunhado. Sinto que o meu gato me observa enquanto em passos lentos me movo pela casa com silêncio à mistura. Gosto de ouvir o som de pés descalços. Gosto do tremor do chão sob passos de pele. 

Ao som inexistente acrescento música, a sala torna-se mais pequena, num aconchego que inebria. Tenho a minha capacidade de apreciar elevada ao expoente máximo. Sinto-me próxima das nuvens mesmo tendo os pés bem assentes no tapete que acolhe a sequência de asanas. Deixo que o corpo se mexa de cor, penso pouco e deixo fluir. O aqui e agora. O momento. O ainda nada a que corresponde o amanhecer. Posso ser o que quiser enquanto me alongo. Apenas sei onde estou. Sento-me. 

O gato prescinde de me olhar para me oferecer o pelo que atravessa as minhas mãos. Há suavidade na ponta dos dedos exacerbada pelos olhos que apenas sentem. Aos afagos do gato segue-se o som do seu afastamento. A sua atenção vira-se para outro ponto e volto a ficar só eu, a música, e os pássaros que cantam do lado de fora da janela. O momento não dura sempre mas sei que o posso sentir pela eternidade que lhe quiser dar. Este relato é uma forma de perpetuar o adocicar de um dia que começa.