Gosto tanto da primavera como de
pão para a boca. Às vezes, mais pelo que imagino que ela possa dar, do que por aquilo
que realmente me oferece. Porém, imaginar que os dias longos e bonitos estão
para chegar, e ficar, e que toda a natureza se enfeita e desfila como numa
passarela, traz-me uma espécie de tranquilidade e de confiança.
Os dias turbulentos que o pais e
o mundo atravessam têm competido para extravasar toda a poesia que possa
existir no dia-a- dia. Se já é difícil treinar os olhos para ver beleza no
quotidiano, tornar-se-á quase impossível extrair alegria a dias que se
caracterizam por más notícias, conjecturas assustadoras, desesperança e
descrença.
Por isso a primavera surge como
um pequeno reduto de esperança, como uma gaveta de sol num móvel cuja madeira ameaça
abolorecer. Como o quentinho que tanto
precisamos para aquecer os nossos pensamentos mais frios.
Obviamente, que quando neste
preciso momento em que escrevo, olho para a janela e o tempo contradiz todas as
palavras que aqui lancei, me sinto defraudada nas expectativas mas sei que até
a chuva e o frio se irão reverenciar perante a primavera ou não fosse ela a responsável
por anunciar a chegada de dias que se imaginam bons.
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