Não sei desde quando sou assim. Provavelmente desde sempre.
Mas acho que não. Acho que me tornei. Ou que aprofundei. É isso. Não sei desde
quando aprofundei esta minha forma de ver. O mundo. Tudo. Com a avidez que tudo
me parece merecer. Com o enlevo que lhes dou. Ah, o mundo. A vida. Os outros.
As coisas. Os sentimentos. As sensações. Todos os dias faço por me encantar.
Por me deixar inspirar. Por conhecer. Saber. Ver. Ver muito. Olhar. Absorver. Quase
sempre consigo. Há vezes que não. Ah, a frustração. Mas renovo as forças. Sempre.
Não paro. Há tanto para ver. Tanto para ler. Tanto para conhecer. Não chegarei
para tudo. Não tenho olhos. Ouvidos. Sentidos. Para tal. Quero abraçar. Não
tenho braços. Mas tenho a vontade. E isso é tanto. É tudo. Enquanto a tiver
estarei segura. Guardarei comigo o mundo.
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