... noto que somos
todos (quase) iguais. Um conjunto de camadas que se sobrepõe deixando na sua
base a mesma fórmula que se replica infinitamente. Desiguais no exterior, porém
assentes em alicerces que distam uns dos outros por diferenças tão subtis quanto
as da tiragem de um livro. A escassa diversidade é vantajosa para quem procura
deslindar o ser humano na sua multiplicidade de perspectivas contudo encurta a
originalidade, tornando-a definhada e hipocalórica. No fundo tendemos todos
para o mesmo. Para o mesmíssimo ponto de aferição que, ao mínimo desequilíbrio
tende a repor a ordem impedindo a escassez ou a abundância. Será a nossa
banalidade uma forma de governança divina? Será a nossa excessiva semelhança um
catalisador da despromoção do confronto, a configuração apropriada para instaurar
preventivamente a homeostase social? Gosto de acreditar na perfeição que nos
atravessa, ainda que escondida. A mesma matriz reproduzida vezes sem conta, sem
que os seus consumíveis falhem, só pode indiciar que há esmero na sua criação.
Acreditemos pois no empenho do autor e na sublimidade da sua obra.
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