Só sei é que para a semana é
Outubro e parece que eu ainda não vivi o Maio, o Junho, o Julho e o Agosto. Vou
tentar aproveitar o que resta de Setembro para não dizer que o Verão não passou
de uma convenção, mas a realidade é que este ano, mais do que em qualquer
outro, embora todos os anos o repita, o tempo pareceu querer passar-nos a perna
no sentido de não deixar que o apanhemos e que o interpelemos devidamente. Que
correria foi esta? Com o Verão em desmaio os dias pareceram querer fugir de uma
epidemia de céus plúmbeos. Não esperaram por mim, nem pelas praias com águas
quentes, nem pelas noites cálidas com braços aquecidos somente por alças finas.
Que tempo é este que não se coaduna com a paciência, que foge por atalhos e
salta barreiras para chegar mais depressa ao seu próprio fim. Este Verão foi estranho, estes meses foram
esquisitos, apesar do rol de coisas boas que fiz, das novas experiências que
pude realizar, das primeiras vezes que não serão com certeza as últimas, tudo
me pareceu decorrer demasiado depressa, uma canseira de músculos inertes, um
turbilhão de segundos que agastaram relógios sem que estes andassem mais
depressa. Não digo para o tempo voltar para trás, o futuro traz sempre coisas
boas, ainda que as más também por vezes se lhes apeguem, mas peço ao tempo que
vá com mais calma, assim em andamento de passeio, como se andasse a ver montras
ou a tirar fotografias, ou a saborear um bom café (ou um gin, vá, para ir ao
encontro das tendências!). Vamos com calma, tempo, que viver em pleno dá
trabalho e toda a ajuda é bem-vinda.
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