Embora saiba que a vida se
desenrola em ciclos, a aceitação de tal facto nem sempre é feita de forma
pacífica. Não são raras as vezes em que o fecho de um ciclo me deixa
melancólica e a precisar de algum tempo para me recompor da inevitabilidade do
momento. Ser-se apegada a determinadas
coisas, podendo ser objectos, locais, hábitos, é algo que deveria ser feito
somente de forma comedida sob pena de se sentir os efeitos da privação quando o
tal ciclo se conclui. Essa moderação requer aceitação e esperança no futuro e
nos novos ciclos que este pode trazer. Por enquanto ainda não aprendi a encarar
com leveza tudo aquilo que acaba quando para mim a continuidade parecia ser
possível, mesmo nas situações em que não tenho qualquer mandato para opinar acerca
da pertinência de uma continuação. E atenção que não falo aqui de amores, de
amizades e de fechos de ciclos de relacionamentos interpessoais. A esses cabe
um processo ainda mais complicado, mas com uma legitimidade diferente da que
aqui me queixo. Falo de ver encerrar ciclos que dizem respeito a aspectos mais
suaves da existência e que por isso mesmo deveriam dispensar naturalmente a
hipervalorização dos mesmos.
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