Aquilo que me inspira, levo para casa.




7.8.14

:: dos inspiradores e das suas palavras ::



Tenho lido ideias tão interessantes que me pergunto amiúde por que razão não fui eu a autora de um décimo da originalidade delas. Sou uma pensadora obsessiva mas apaixono-me em demasia pelos pensares alheios, alguns tão perfeitos e tão harmoniosamente coerentes que, à primeira vista, parecem não dar lugar a qualquer espécie de refutações. Há cérebros verdadeiramente capazes de deixar outros de “cara à banda”, pela capacidade, treinada ou não, de criarem, de fazerem acontecer, de inspirarem, de promoverem opiniões, de criarem seguidores, de serem originais, de se diferenciarem, de mostrarem que os neurónios são células cheias de massa muscular que precisa de ser exercitada para que não corra o risco de definhar e cair em astenia. 

 O facto de, cada vez mais, ser uma leitora diligente, faz com que me depare amiúde com reflexões de outros. E se a maior parte das pessoas comunga de ideias comuns (sem qualquer carácter depreciativo nesta conclusão), outras há que primam por me fazer ficar a pensar que o sublime anda a pairar por aí e que talvez até seja possível apanhá-lo se nos esforçarmos por sair da redoma em que normalmente nos fechamos. Ler e ouvir coisas interessantes estimula mas também nos põe no devido lugar quanto à originalidade daquilo que pensamos e escrevemos. Quanto mais leio, mais me enriqueço interiormente, mais me sinto levitar numa espécie de catarse que se insufla mas também mais me consciencializo que às minhas palavras surge um género de misantropia reactiva que só se resolverá enfrentado a timidez e promovendo o tónus muscular da minha escrita, sabendo de antemão que o sublime estará sempre nas franjas da curva normal.

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