Aquilo que me inspira, levo para casa.




31.12.14

Um adeus e um olá



Despeço-me de 2014 a saber nomeá-lo como um ano bom. E adoro poder fazê-lo principalmente porque sinto que parte daquilo que correu bem se deve a iniciativas que tomei e a acções que preconizei. Pela primeira vez, posso afirmar que os objectivos que tracei no início do ano, foram todos tratados com muito carinho e alcançados numa plenitude nunca antes sentida. Isto também se torna especial porque significa que agi em conformidade com os meus ideais e com aquilo que assumo ser o meu projecto de vida. E esta distinção ainda se acentua porque na realidade nunca senti qualquer imperativo no meu caminho, nunca agi de forma forçada, como se tudo tivesse surgido de uma maneira leve e livre. Como a perfeição não existe, subsistem acertos que mantêm a exigência da minha atenção. Mas enquanto houver estrada para andar, os retoques farão parte de uma vivência saudável.  Para já, quero saborear bem os efeitos positivos deixados pelo ano que agora termina. Quero aprender com tudo aquilo que correu bem e melhorar todas as fraquezas que conseguir identificar. A manutenção de um estado de graça é, por vezes, difícil, tenho consciência disso. Sei que 2015 poderá não ser tão generoso para comigo mas são os aspectos básicos que constituem os alicerces para encarar e superar o menos bom de uma forma construtiva. É só isto que quero, mais que uma boa vida, quero uma vida boa. E isso só depende de mim e do melhor uso que souber dar às minhas forças e às minhas fraquezas. Por isso, vou continuar a dar liberdade aos meus propósitos, a reflectir sobre aquilo que quero e como o posso fazer, a não deixar de pensar só porque me magoa, a enfrentar os fantasmas para os desmascarar e fazê-los de aliados. A viver… da melhor forma que conseguir.  

30.12.14

O meu momento do ano


Estava um dia quente embora a chuva se fizesse prever pelas nuvens que ao longe se avistavam.  O dia mal tinha nascido e as surpresas já se amontoavam pelo quarto. Tudo preparado tendo o pormenor envolto em papel de embrulho. Algumas das surpresas foram tomadas nas mãos, outras avistadas a quilómetros de distância.  (O simbolismo do amor encontra-se retratado nos detalhes dos amantes).

O pequeno-almoço foi tomado no pequeno pátio de chão de madeira e paredes de hera. As manhãs de verão são especialmente convidativas para iniciar descontraidamente qualquer conversa. Falámos de muitas coisas sem que o tom de contentamento se desvanecesse, ouvimos palavras vindas de outras bocas, com sotaques de outras terras, mas nada roubou o significado às nossas promessas. (A plenitude da atenção alcança-se pelo quanto se ama quem nos escuta).

Quando saímos, o dia cheirava a cumplicidade e a festejo. Foram horas a passear sem mapa por ruas desconhecidas, o acaso a guiar-nos os passos, a curiosidade a envolver cada decisão. Os dias que são deixados sem orientação e sem tempo, são aqueles que crescem por si mesmos e que nos devolvem mais o que recordar. O Danúbio, acenava-nos sempre que os nossos olhos se cruzavam com as suas águas. As pontes insistiam para que as cruzássemos. Ora cá ora lá entre Buda e Peste. (É tão fácil ser feliz quando a serenidade nos aconchega e nos deixamos maravilhar pelo desconhecido que se mostra afectuoso). 

O calor da tarde ditou a paragem numa esplanada e uma limonada bem fresca foi a receita para uma sede que exigia líquidos. A musica soava ao longe, algumas gargalhadas toavam de perto, dando à atmosfera um ambiente alegre e contemporâneo. A conversa uma vez mais se juntou connosco à mesa, e ali ficámos os três, perdendo o tempo de vista até o entardecer espreitar e sentirmos que tínhamos de ir embora, para qualquer outro lugar que nos recebesse de forma igualmente bela. O corpo perde o peso para o doar à alma quando nos encontramos agraciados.   (A leveza do corpo é tão mais sustentável quanto for o peso que soubermos dar à alma, insuflando-a de júbilo e de reconhecimento pelos momentos que se movem para sempre em nós).

Se tivesse que escolher o momento mais memorável do meu ano de 2014, seria esta tarde na esplanada junto ao Danúbio, dividindo a minha atenção entre mimos e uma bebida fresca, sentindo uma leveza que me permitia voar para onde as nossas conversas fluíssem e sentindo-me grata por simplesmente estar ali. (A felicidade pode, afinal, ser tão simples)!

29.12.14

Os dias seguintes

E o quanto eu gosto dos dias seguintes? O depois sabe-me a tanto, quase a tudo. Os dias em que o mínimo é o mais que se deseja. Gosto de visões simples depois de sentimentos complexos e atordoantes. Basta-me um céu, nuvens e umas copas das árvores para sentir que ganhei tudo. Não preciso de mais generosidades. Só preciso da serenidade que os dias me podem dar e de sentir que as emoções e os afectos me guiam. Depois disso terei sempre os dias cheios e numa completude que tudo o mais dispensa. 


2.12.14

Viajar... sempre

Para evoluir é preciso saber desprender da zona de conforto. Viajar é a forma mais agradável de o fazer já que nos oferece uma fuga, premeditada e calculada, aos lugares dos quais nos encontramos acomodados amortecendo os efeitos dessa privação. Viajar é acima de tudo conhecer ao vivo aquilo que interiormente já imaginamos como existindo, uma forma de validação de histórias e de espaços. As viagens não chegaram à minha vida tão cedo quanto gostaria mas fizeram dela uma refém dos momentos de evasões. Sou hoje todas as viagens que fiz e todas aquelas que projecto fazer. Sem dúvida que todas as fugas físicas e espirituais que as viagens me proporcionaram, me fizerem desenvolver enquanto pessoa e me mostraram que há tantas zonas de conforto quanto as que ambicionarmos que existam, sendo a pluralidade, neste caso, uma condição vencedora. Por isso, as viagens nunca me saem da cabeça, são o meu vicio mais ambicioso e exigente mas que maior retorno me oferece.

17.11.14

Gosto do Porto.

Gosto de cidades dinâmicas. Daquelas que não ficam à espera que o tempo passe para se inovarem, para crescerem mais um bocadinho, para surpreenderem. Gosto de cidades que convidam à fotografia quer de panoramas, quer de pequenos detalhes. Gosto de cidades que são bonitas em qualquer estação do ano, com qualquer cor a condizer com o seu sorriso. Gosto de cidades urbanas com mar à vista. Gosto de cidades extrovertidas, douradas, vaidosas e diversificadas. Gosto de cidades modernas que respeitem a sua tradição. Gosto de sotaques, de calões regionais, de diferenças de culturas. Gosto de subir e descer ruas, cruzar avenidas, passear por praças. Gosto de ir ao encontro daquilo que não sei mas que passarei a decorar. Gosto de cidades assim. Gosto do Porto.







11.11.14

Música

Sem a cadência harmoniosa dos sons que se juntam e se separam construindo, habilmente, a banda sonora dos dias, a minha vida não seria a mesma. A música é uma aliada de todos os tempos que me compõem, o passado, o presente e o futuro. Uma terapeuta de todas as horas, descomprometida com doutrinas mas somente empenhada em encher-me de tons que me colocam no lugar certo.


5.11.14

Um grande bem-haja



Aos lutadores deste mundo, àqueles que acreditam nas suas escolhas sem nunca desistir, aos que permitem que os sonhos ocupem o lugar mais valioso da sua vida, não sendo cegos mas conscientes;

Aos que tratam, que cuidam de vidas que não são suas estimando-as como à sua própria existência, dignificando o outro, fortalecendo-o e oferecendo-lhe respeito e amizade em troca de um aparente nada que esconde, afinal, o tudo;

Aos que estão sempre lá, sempre prontos para partilhar o que quer que um amigo carregue, seja desalento ou paixão, seja angústia ou euforia, qualquer que seja o peso ou a insustentável leveza;

Aos que inspiram, sem que precisem mais do que um gesto simples, sem que se esforcem para o realizar e sem exigirem reconhecimento desse facto. Os verdadeiros inspiradores fazem-no naturalmente, sem treinos, ensaios ou aprendizagens;

Aos que partilham as suas experiências, oferecendo ao mundo o seu conhecimento e a exposição das suas vidas em prol de um bem comum;

Aos que criam beleza, acrescentam valor, adornam os pequenos aspectos da vida, abrem portas ao magnífico, deixam que o bom e o belo se dissemine;

Aos que me acarinham com amizade, amor, respeito e reconhecimento, aos que me fazem ser o que sou, querendo ser melhor, aos que me abraçam e fazem com que esse abraço perdure no tempo;

Aos que me ensinam, me mostram, me confrontam, me fazem crescer, me desenvolvem, me intensificam enquanto ser humano, me mostram que pouco sei do tanto que há e por isso me incitam a saber mais;

Aos que sinto saudades, aos que pensei e nada disse, aos que me fazem lamentar o tempo que deixámos de partilhar, aos que deixámos as palavras serem poucas;

Aos que me evidenciaram que conhecer e permanecer na zona de desconforto faz doer mas mas eleva-nos.

4.11.14

E se não existissem espelhos?


Tinha tenra idade na primeira vez que me olhei ao espelho e percebi que eu era muito mais do aqueles olhos que me olhavam. Quando percebi que nunca poderia sair daquele invólucro e teria que aguentar comigo para o resto da vida metida naqueles sentires e naqueles pensares,  senti uma espécie de prisão. Aperceber-me que, sendo eu uma criança, estava a ter este tipo de pensamentos, confirmou-me que conviver comigo seria sempre um acto de paciência e de introspecção e  catalogou-me, em definitivo, como alguém precoce. Seria mesmo? A minha consciência do self teria chegado cedo em demasia ou o silêncio do que não se partilha legitima erradamente a precipitação de julgamento? Nunca falei destas questões com adultos, não fossem achar uma tremenda bizarria, e nunca achei ter por perto outras crianças onde fosse fácil encaixar este assunto. Por isso este tema cresceu comigo sem que eu nunca tivesse sabido se ocupava a média, ou se caía nas franjas da curva normal, no que diz respeito à complexidade dos pensamentos para a idade.  Continuo a olhar-me ao espelho e a ter noções idênticas às iniciadas em criança, embora num crescendo de complexidade e de maturidade contudo assentes em bases antigas. Penso em demasia, saltando de self em self, verificando as várias perspectivas e nem sempre me decido por alguma. Acho que a este respeito serei coerente do princípio ao fim e posso assumir que não há rugas nem envelhecimento nos meus pensamentos e na minha forma de me sentir no mundo. 





30.10.14

Do fecho de ciclos

Embora saiba que a vida se desenrola em ciclos, a aceitação de tal facto nem sempre é feita de forma pacífica. Não são raras as vezes em que o fecho de um ciclo me deixa melancólica e a precisar de algum tempo para me recompor da inevitabilidade do momento.  Ser-se apegada a determinadas coisas, podendo ser objectos, locais, hábitos, é algo que deveria ser feito somente de forma comedida sob pena de se sentir os efeitos da privação quando o tal ciclo se conclui. Essa moderação requer aceitação e esperança no futuro e nos novos ciclos que este pode trazer. Por enquanto ainda não aprendi a encarar com leveza tudo aquilo que acaba quando para mim a continuidade parecia ser possível, mesmo nas situações em que não tenho qualquer mandato para opinar acerca da pertinência de uma continuação. E atenção que não falo aqui de amores, de amizades e de fechos de ciclos de relacionamentos interpessoais. A esses cabe um processo ainda mais complicado, mas com uma legitimidade diferente da que aqui me queixo. Falo de ver encerrar ciclos que dizem respeito a aspectos mais suaves da existência e que por isso mesmo deveriam dispensar naturalmente a hipervalorização dos mesmos. 

23.10.14

Tu, os jornais e o sofá

photo source :: Remain Simple ::

"Aprendi a conhecer-te por detrás de um jornal.  Imaginava-te o rosto, atento a devorar cada linha escrita, mas não te via para além das mãos que seguravam o papel áspero e seco. De vez em quando o jornal era afastado do teu olhar para que pudesses dividir a atenção com as imagens que passavam na televisão. Fazias um uso egoísta das muitas palavras que absorvias pois jamais as davas a partilhar. Os jornais lidos, e arrumados a um canto, serviam de conteúdo para a reciclagem mas jamais para tema de conversa. Era uma relação íntima, essa, entre ti e os jornais, uma conversa silenciosa e que te tornava um mar de informação e de actualidade. Para além dos jornais, era o sofá quem te conhecia melhor. Sempre foste fiel aos princípios mas também promoveste a fidelidade e o apego a muitos objectos.  O sofá era como uma extensão do teu corpo. Um objecto quase à tua imagem, moldado à tua maneira de ser e de estar. Se uma das propriedades dos materiais fosse a de possuírem sentimentos, o teu sofá teria hoje um manto de saudade e os jornais teriam chorado letras que se acumulariam no chão."


22.10.14

Exposed



Perdeu o estatuto de cantor de referência, mas ganhou o de fotógrafo, o que não me parece uma má troca no que à arte diz respeito. O carismático e amigo de Portugal, Bryan Adams tem uma exposição no Centro Cultural de Cascais onde às muitas das suas fotografias mais emblemáticas, se juntam agora outras produzidas a convite da Vogue e tendo como modelos algumas das mais famosas e bonitas fadistas portuguesas. 

São fotografias de pessoas, expostas ao detalhe do seu corpo físico e a deixar antever algum do detalhe que lhes cerque a sua forma de estar e a sua história de vida. As fotografias expõem corpos, coisas, espaços, comportamentos mas não denunciam intenções. Há sempre uma parte que consegue escapar ao perscrutar da objectiva e é essa invisibilidade que ao tornar as fotografias algo subjectivo, lhes confere todo o interesse.

21.10.14

No dia em que nasci






"Parece que nasci hoje. É Verão e quem me segura ao colo, nestes dias longos de um sol bonito, é uma mulher de olhos em forma de amêndoa e com cor das azeitonas que abundam no nosso olival. Sei que nasci ontem porque do mundo nada entendo além de pequenos fragmentos de som e de sabor que me chegam e me tocam aligeirando-me o choro. Recebo embalos de muitas mãos e beijos em demasia mas o colo da mulher dos olhos verde oliva é, em definitivo, o meu preferido e logo aí sinto que o será sempre.  Só recordarei este dia pelas histórias de outros e jamais pela primeira pessoa por isso inconscientemente guardo os afectos nos arrumos da memória que permanecerão sempre entreabertos. Há calor ao meu redor e isso fará com que sempre prefira o tempo quente. Os olhos da minha mãe serão sempre o meu tipo de olhos preferidos embora, por ironia, talvez a primeira da minha vida, nunca venha a apreciar o fruto que lhes confere a cor. Quanto ao resto do mundo, pouco me importa neste dia após o meu nascimento. Há uma díade que é tudo e a vinculação com os outros só começará quando permitir que o meu espaço seja corrompido pelos bons afectos de quem me quer bem. "


Escrito no dia em que fiz anos.





20.10.14

Os livros são de quem os lê, as palavras são de quem as escreve

Todos os dias folheio as páginas de um livro. Não me restam dúvidas de que as letras são os maiores catalisadores da massa cinzenta que me ocupa o cérebro. As letras impressas e todas aquelas que, mesmo não as vendo, imagino através das imagens que absorvo nas minhas fontes diárias de inspiração visual. Escreve-se bem em Portugal. No resto do mundo também, claro, mas interessa-me o país que me concebeu a mim e a todos aqueles pelos quais me envaideço cada vez que leio o que projectam nas suas narrativas. Pergunto-me como é que a mesma realidade consegue ser descrita de formas tão ímpares em que as palavras se distribuem indo ao encontro do significado perfeito. Acontece-me, por vezes, ficar presa a uma frase. Os meus olhos continuam a ler, mas a mente ficou parada na frase que me inspirou. Palavras simples que constroem ideias complexas e interessantes. Os escritores são arquitectos de frases. E basta-me ler uma para perceber se estou perante um arquitecto ou alguém que arruma frases sem saber os cálculos para a verdadeira construção.

Todos os dias leio as páginas de um livro. São milhares os caracteres que me atordoam. Admiro em demasia quem transcreve para letras aquilo que se sente no interior. Os escritores são tradutores de acções e de sentimentos. Traduzem para quem quer ler, aquilo que de outra forma não se conheceria e basta-me uma frase para perceber se estou perante um tradutor ou alguém que agarrado a banalidades descreve algo que pertence à linguagem comum.


Podia dizer tanto do bem que se escreve em Portugal. Dos poetas, artistas, filósofos, loucos, e de todas as múltiplas personalidades que cada escritor encarna para que delas possa retirar a essência para o que escreve. Não se escreve com esforço mas com uma agilidade inata, fazendo uso devido das próprias potencialidades. E eu gosto cada vez mais de absorver os conteúdos e as formas que compõem uma obra, de observar, com as ferramentas possíveis a um leitor, a capacidade de criar algo que extravasa aquilo que se conhece. Quanto mais se lê mais se percebe que um livro é um todo, uma entidade holística que encerra em si um conjunto de atributos que vão muito para além da mera história que contam. À medida que as minhas estantes se enchem, mais rica me sinto por conseguir consumir um livro sem me cingir unicamente ao que deduz pela sua sinopse, acompanhando o bailado de todas as suas partes sem perder nenhum acto, porque os escritores, para além de tudo o que já mencionei, também são coreógrafos.

14.10.14

"Her"



Preteri, até ao passado fim-de-semana a visualização do filme Her (em português “Uma história de amor”) do realizador Spike Jonze e protagonizado por Joaquin Phoenix. Já havia visto o trailer, já conhecia o argumento, imaginava que pudesse gostar mas o facto do filme retratar uma história de amor entre um personagem real e um sistema operativo, causava-me uma daquelas dissonâncias que fazem com que inconscientemente o filme fosse ficando de fora dos primeiros lugares da lista de prioridades cinematográficas. Engano meu baseado num preconceito assumidamente instalado.

Antes de falar daquilo que me comoveu e me conquistou, enquanto história de relações humanas, tenho primeiro de elogiar a realização, a fotografia e direcção de arte e a banda sonora do filme. Impecavelmente trabalhadas e esteticamente perfeitas foram encantadoras dos sentidos e manipuladoras da atenção. Ambientes imaculados, contrastantes com tumultos internos dos próprios personagens; cores vivas em momentos de apatia emocional, tudo foi pensado e concebido ao detalhe para ilustrar paradoxos que as realidades escondem. Depois, tenho de enaltecer a soberba interpretação do Joaquin Phoenix que, sem ser propriamente novidade em termos da sua qualidade de actor, assegura incontestavelmente uma das melhores interpretações do ano. A personagem que interpreta é tão real, tão legítima, tão autêntica, que todas as expressão se lhe encaixam, todos os gestos, reacções e sentimentos lhe pertencem. É impossível não gostar do Theodore que ainda por cima escreve cartas de amor como profissão, mostrando que escrever bem, com sentimentos aparentemente estruturados e com mérito reconhecido, é perfeitamente compatível com alguém pouco estável e criativo a nível emocional e relacional. Um dos muitos paradoxos que o realizador faz questão de mostrar. 


Já o filme, mais do que contar uma história de amor (como a tradução portuguesa faz deduzir), mais do que transmitir o sentido do ridículo e do improvável que reveste uma paixão que nasce entre um homem e um sistema operativo de voz feminina, transmitiu-me a noção de solidão. Para mim, o filme ilustra a solidão, a incapacidade de manter relações, de gerir emoções, de preencher a vida para além do trabalho e de um quotidiano parco. O filme não é ausente de aspectos, para mim, menos interessantes, como o não apreciar o facto do sistema operativo passar a ter sentimentos. Essa humanização da inteligência artificial é uma ideia que me desgosta não sei se por achar que insistem nela mesmo me parecendo disparatada, se por não querer aceitar que ela possa vir a existir. O que interessa é que, mesmo correndo o risco de se considerar mais plausível que essa humanização possa acontecer iludidos perante uma voz tão sensual e persuasiva como a da Scarlett Johansson, achei abusivo que algo como os afectos existissem de forma reciproca e correspondida numa relação homem-máquina. 

No entanto, sinceramente, isso pouco importa. Como o filme demonstra, e como tantas realidades dos dias de hoje o comprovam, o corpo, o espaço físico do outro, parece ter pouca importância quando a solidão se deixa amparar pela cumplicidade de algo que escuta, pelo aconchego da voz que responde, pelo estímulo gerado pelas palavras trocadas e que impelem ao toque ainda que imaginado. A solidão alimenta-se desta atenção, ainda que sem rosto, desta compreensão, ainda que ilusória, e, por isso, propicia esta espécie de alienação, de se deixar levar pelas emoções ainda que baseadas num nada, de crer em relações não sustentadas, de acreditar na perfeição de uma relação fictícia cujo futuro ditará a sua extinção.  E aquele personagem mostra tão bem as subtilezas do que é estar apaixonado, o amaciar das expressões, os olhos que se alheiam, o júbilo interior, a ternura que a atravessa. Para depois o objecto de amor ser a improbabilidade na forma de uma voz que ainda assim o compreende e o faz sentir bem, o melhor de si. E isto deixou-me triste e tive uma compaixão infinita pelo Theodore e por todas as formas de solidão que nos afastam de ver com clareza. O amor e a paixão podem e devem ser ridículos, principalmente aos olhos de terceiros, que importa isso?, mas têm de ser possíveis, e de preferência prováveis. Este é um filme que me faria pensar horas porque por detrás do que parece básico está um repertório complexo do comportamento e das emoções humanas, das relações interpessoais e dos estilos de vida actuais. É preciso vê-lo para que  as perguntas se soltem. Talvez por isso o considere, para além de um excelente filme, um ainda melhor incitador de reflexões. Recomendado para ver e pensar.

1.10.14

Sonho

Estou no meio das escadas, dos 21 degraus contados infinitas vezes. Velhas, madeira gasta, apertadas, de corrimão de ferro a oferecer um tacto áspero, a aparência é igual ao que sempre foi ou ao que a minha memória me permite assegurar que terá sido.  As caixas do correio, num metal cinzento com rebordo a vermelho, surgem em baixo do lado esquerdo de quem entra. A ocuparem a mesma área de outrora e com a mesma intensidade de desgaste. Apenas a luz das escadas está acesa. Um pormenor que distingue de tudo o que a minha lembrança me jura ter sido. 

Eu sei o que está no interior da casa do primeiro andar esquerdo mas nunca subo as últimas escadas. Vejo, prevejo, mas entre o olhar para cima, para a antecâmera da tua porta, e o olhar para baixo, para a entrada exígua, os pés estão imóveis numa quietude imutável.  E assim fico, de luz amarela sobre os ombros, agarrada ao corrimão que se sustenta numa parede caiada engelhada pelo tempo. Nunca abro a porta, nunca te chego a ver, nunca concluo se a casa está como a vivi. As escadas são o porto de abrigo, o que me protege de tudo aquilo que recordo e que antecipo, o espaço que me deixa num suspenso. E é nessa ansiedade, nessa suspensão de movimentos, de pensamentos e de anseios que acordo. E, nessa altura, volto a apagar a luz da escada. 

29.9.14

Setúbal e o dia do mar

Pelas comemorações do Dia do Mar, a minha cidade encheu-se ainda com mais barcos do que os que habitualmente já lhe ocupam as águas do seu porto. A diferença foi que a zona das docas se encheu de gente, pessoas que quiseram conhecer o interior do Sagres, Creola e Vera cruz. E é muito bom quando se vêem os habitantes envolvidos com a vida da cidade. Quando as cores dos barcos se misturam com as roupas de quem se passeia, fotografa, experimenta e conversa. A minha cidade é bonita porque é de mar e por isso coabita com um conjunto de aromas, de pessoas, de técnicas e de instrumentos que só as cidades piscatórias conhecem. A minha cidade é bonita porque é genuína, pouco dada a vaidades, apesar do tanto que tem para exibir com orgulho e sem ostentações despropositadas. A minha cidade é bonita ainda que não fosse a minha, porque é de mar e é o mar que é a casa do mundo inteiro.














26.9.14

Já?

Só sei é que para a semana é Outubro e parece que eu ainda não vivi o Maio, o Junho, o Julho e o Agosto. Vou tentar aproveitar o que resta de Setembro para não dizer que o Verão não passou de uma convenção, mas a realidade é que este ano, mais do que em qualquer outro, embora todos os anos o repita, o tempo pareceu querer passar-nos a perna no sentido de não deixar que o apanhemos e que o interpelemos devidamente. Que correria foi esta? Com o Verão em desmaio os dias pareceram querer fugir de uma epidemia de céus plúmbeos. Não esperaram por mim, nem pelas praias com águas quentes, nem pelas noites cálidas com braços aquecidos somente por alças finas. Que tempo é este que não se coaduna com a paciência, que foge por atalhos e salta barreiras para chegar mais depressa ao seu próprio fim.  Este Verão foi estranho, estes meses foram esquisitos, apesar do rol de coisas boas que fiz, das novas experiências que pude realizar, das primeiras vezes que não serão com certeza as últimas, tudo me pareceu decorrer demasiado depressa, uma canseira de músculos inertes, um turbilhão de segundos que agastaram relógios sem que estes andassem mais depressa. Não digo para o tempo voltar para trás, o futuro traz sempre coisas boas, ainda que as más também por vezes se lhes apeguem, mas peço ao tempo que vá com mais calma, assim em andamento de passeio, como se andasse a ver montras ou a tirar fotografias, ou a saborear um bom café (ou um gin, vá, para ir ao encontro das tendências!). Vamos com calma, tempo, que viver em pleno dá trabalho e toda a ajuda é bem-vinda. 

:: instagramo logo existo #2 ::

Uma visita rápida a Bruxelas.

Detalhes de espaços onde me sinto em casa.

Pelas ruas de Lisboa.

25.9.14

Do Alzheimer e de outras demências

Nós somos o que as memórias dizem de nós. Mas por vezes as memórias emudecem e deixam em vácuo o espaço que antes cabia às palavras. Sendo a memória o mais potente reservatório de nós mesmos - posiciona-nos e orienta-nos, num processo de atribuição de significados -, o seu declínio torna-nos cada vez mais elementares na forma de ser e de actuar, reservando-nos um estado primitivo e um eu que mais não faz que somente sobreviver. Esta condição fatalista resume-se a morrer antes de si mesmo. O cérebro, essa complexidade de neurónios e de neurotransmissores que comandam o corpo, o comportamento e a mente, é o espaço físico que permite que as memórias se acumulem e se relacionem. Quando no interior deste invólucro tão especial, a massa que o constitui definha, tudo aquilo que somos vai acompanhando esse desaparecimento, restando-nos um corpo que vai continuando a reagir até ele próprio sucumbir perante a falta e a qualidade das ordens cerebrais. Enquanto tal não sucede, o corpo, apesar de existir, já não é habitado por ninguém para além de um automatismo de acções e de memórias cada vez mais insípidas e distanciadas da realidade prestes a acolher a sua extinção total. Com o passar do tempo, a existência pessoal esvai-se mas mantém-se vivo o corpo que um dia nos revestiu, corpo esse capaz de olhar mas incapaz de ver, capaz de ouvir mas inábil para processar o que ouve, capaz de sentir mas totalmente inapto para compreender para além dos sentimentos básicos do medo, da fúria ou da tristeza. O mundo passa a ser um lugar em branco, sem qualquer possibilidade de ser colorido ou preenchido.

Lidei e lido com pessoas que me são próximas e que se viram envoltas na malha das demências, cujos mundos em branco se foram expandindo inexoravelmente e em que os familiares surgem como uma plateia que assiste inerte, sem nada conseguir fazer para que a doença progrida ao seu próprio ritmo. Sou por isso muito sensível a esta causa, sou uma aliada pela prevenção do mundo em branco, nutro uma infinita cumplicidade pelos cuidadores destas pessoas e um especial carinho e respeito por todos os que esquecem de si próprios antes do tempo. 

3.9.14

:: almoços perfeitos ::

photo credits: pinterest

Um almoço, para ser perfeito, não tem de ter comida gourmet, de ocorrer numa atmosfera cutting edge ou de exigir uma mesa cheia de amigos (não querendo, com isto, dizer que estes sejam elementos desprezáveis na classificação da qualidade de um almoço, uns mais do que outros, pois claro). Na realidade, concluí que, para que um almoço possa ser apelidado de bom, basta que esteja eu, uma brisa fresca a amenizar o efeito do sol que se quer quente e um prato de comida saudável. O que faz a diferença, e ajuda a compor todo o ramalhete, são os pensamentos que trago comigo para a hora da refeição e que fazem com que um repasto solitário, se transforme numa refeição a dois sem que o silêncio seja quebrado ou a refeição tenha de ser dividida. Habitualmente eu consigo tal habilidade, trazendo um livro, uma revista, ou a galeria de fotos do telemóvel. Porém, da última vez, deixei que os pensamentos ocupassem o melhor lugar à mesa e contassem as suas histórias. Uma vez que tinha estado a ler um artigo sobre viagens de volta ao mundo, daquelas que fazem jus ao conceito, com direito a dedicação total e a uma duração quase nunca inferior a um ano (sonho!), foi precisamente aí que os pensamentos se instalaram e em posição resfolgada fizeram o que quiseram dos meus neurónios desocupados, dando-me a conhecer tudo o que achavam acerca do assunto. Bem, toda esta prosa para dizer que enquanto ia ingerindo a salada de mozzarella e pesto, fui decidindo o tipo de viagem, idealizando o itinerário, calculando os custos, e, entre garfadas, imaginei-me a explicar este desejo súbito de evasão prolongada a um conjunto alargado de pessoas para as quais também imaginei as mais caricatas e/ou receptivas reacções e juro que não dava pelo prato limpo não fosse uma colega minha ter chegado e me ter colocado uma qualquer questão que me afastou por completo do tema que estava a ser trabalhado no meu pensar.   Claro, que isto só pode ser apelidado de almoço perfeito se o assunto em causa for dos bons, daqueles com direito a desfechos do género “Ai, quem me dera”. Se for de outro tipo não vale a pena tentar a experiência, e mais vale aplicar os princípios da atenção plena dedicando-se com exclusividade a saborear a salada e os seus temperos. O que, aliás, também é interessante. “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”*. E dou como exercício de relevo tudo aquilo que implique fazer pequenas alterações de rotina nos vários momentos do dia. Dito isto, amanhã, já levo um livro. E a estrear!

* Fernando Pessoa

1.9.14

:: pôr-do-sol no oriente médio ::

O Sol é só um embora pareçam vários, como uma irmandade. A sua beleza, quer quando nasce, quer quando se põe é sempre digna de contemplação e de registo. Vê-lo a mergulhar nas águas, a desaparecer por detrás de uma montanha ou simplesmente, não o vendo, imaginar o seu subtil apagar, é algo apaziguador. Se pudesse registava todos os pores-do-sol que me coubesse em sorte presenciar nos vários pontos do mundo. Se conseguisse despedia-me dele todos os dias com a solenidade que o momento merece. 

Nas imagens abaixo, deixo por aqui o retrato do primeiro pôr-do-sol que pude presenciar mais a oriente, o que faz dele uma estreia em termos de ponto cardeal. Vi-o a desaparecer segundo a segundo e as diferentes tonalidades que a água e o areal souberam guardar, eu também cuidadosamente as embrulhei na minha memória. O que a câmara fotografa é sempre muito pouco daquilo que a realidade exibe.






28.8.14

:: Istambul, os detalhes que se trazem na bagagem ::

Visitar Istambul é como estar, em simultâneo, em várias zonas do globo. Uma omnipresença justificada pela diversidade de pessoas, aromas, cores, arquitecturas, padrões e de uma série de outros requintados pormenores, que nos recebem nesta cidade. 

Com o rio Bósforo que a atravessa dando-lhe a tonalidade azul, e uma quantidade de bairros tão distintos entre si, esta cidade fascina porque é diferente da norma europeia e vicia porque nos faz querer conhecer sempre mais.  Nos poucos dias que lá estive, vi alguma coisa mas sei que ficou muito mais por ver. Motivos não faltarão, por conseguinte, para revisitá-la sendo que complementar aquilo que, de fundamental, ficou por ver, será porventura apenas mais um deles.  

Os guias turísticos são auxiliares fundamentais para conhecer um destino pela primeira vez, mas nada como procurar alternativas aos locais mais visitados pelos turistas, deixando que a intuição seja o principal guia ou que percursos mais alternativos nos sejam sugeridos pelos insiders da cidade. Pessoalmente, prefiro sempre conhecer a atmosfera de um local, percorrendo quase em modo aleatório, as suas ruas, do que permanecer horas numa fila para conseguir visitar os principias locais de atracção. Verdade seja dita que ir a Istambul e não visitar as suas Mesquitas ou os seus Bazares, são pontos negativos no itinerário escolhido mas conciliar estes magníficos, porém repletos, locais com outras zonas menos populares, porém com o mesmo nível de interesse, pode ser uma alternativa que não desilude. Por esse motivo preferi explorar melhor a zona de Beyoglu e Karakoy, e preterir o mais turístico Sultanhamet, tendo descoberto locais muito simpáticos pela combinação equilibrada entre o tradicional, o turístico e o trendy, num misto de atmosfera contemporânea e clássica conservando o caos urbanístico de Istambul mas oferecendo originalidade e sofisticação.

É impossível ficar alheio às diferenças culturais que existem, nomeadamente as relacionadas com as questões religiosas e à consequente prática dos seus rituais próprios. Ouvir o chamamento para a oração, ainda que de madrugada invariavelmente me servisse de despertador antecipado, acabou por ser um agradável ritual. Escutar aquela cadência, quase parecendo uma espécie de mantra, era algo que me transportava para um estado de acalmia.  

Mas nem só de diferenças culturais vive esta cidade, as diferentes cores que a adornam conferem-lhe uma exuberância digna de registo. Desde as luxuriantes laranjas e romãs, aos mercados repletos de tapeçarias, candeeiros, loiças, roupas, ouro, bijuterias, especiarias, doces e um sem número de objectos que nos tiranizam o olhar; desde os tectos e os interiores das mesquitas e basílicas, aos múltiplos gatos que se passeiam pelas ruas; desde as pinturas de arte urbana que abundam pela cidade embelezando paredes mortiças, às cores das roupas dos seus habitantes, tudo serve para pintalgar de cor os espaços oferecidos por esta cidade turca.


E depois há muito caos, ruas sujas, trânsito que não anda, comércio em abundância, ruas repletas de quinquilharias, ruas sem toponímia, vendedores ambulantes, café turco e chá bebidos em banquinhos junto ao rio. Há muito de tudo. Há galerias de arte, há restaurantes com terraços com vistas deslumbrantes. Há contrastes. Há o sagrado e o profano. O mundano e o espiritual. Há um mundo. Istambul vale a pena porque tem o mundo dentro dela.

Fica um pequeno resumo fotográfico que não chega para exemplificar o mundo de que falo mas do qual fazem parte de alguns dos detalhes que armazenei na minha bagagem.

Detalhe do quarto do Hotel Sub Karakoy
Torre Galata
Vista de Istambul a partir da Torre Galata
Vista de Istambul a partir da Torre Galata e onde se vê a Ponte Galata e as várias mesquitas na zona de Sultanhmet
Vista de Istambul a partir da Torre Galata
Vista de Istambul a partir da Torre Galata
Vista de Istambul a partir da Torre Galata
Avenida İstiklal que começa junto à Torre Galata e termina na Praça Taksim com quase 3km de extensão e vedada ao trânsito. É das artérias mais concorridas de Istambul e o centro do bairro de Beyoglu
Detalhe das ruas de Istambul com os seus típicos bancos onde se juntam grupos.
Detalhes das ruas de Istambul com exemplos de arte urbana pertencente a um dos artistas com maior número de graffitis pela cidade- Kripoe
Detalhes das ruas de Istambul com exemplos de arte urbana
Em Istambul há gatos, muitos gatos, tendo um papel participativo e activo na vida cidade. Podemos vê-los pelos telhados, pelas ruas, às portas das lojas ou simplesmente passeando-se por entre as pessoas. São geralmente afáveis e alguns são particularmente persuasivos quando querem receber um afago :)
Os turcos adoram bancos e mesas baixos e pequenos. Aqui, junto ao rio, juntam-se aglomerados de pessoas, turistas e moradores, que convivem, bebem, comem e divertem-se à sua maneira.
Em qualquer local da cidade, há vendedores de sumo de romã quer em bancas quer em carrinhos móveis. Aliás, os sumos de frutas são das principais vendas de comida de rua.
Mesquita Azul
Interior da mesquita azul
Mesquita yeni camii
Interior da Mesquita yeni camii
Hagia Sofia
Cisterna da Basílica
Grande Bazar
Grande Bazar
Grande Bazar
Grande Bazar
Ponte Galata onde se juntam dezenas de pescadores que tentam a sua sorte. O peixe assado em carros ambulantes é vendido no pão sendo uma das iguarias típicas desta cidade.
Ferry que atravessa o Bósforo.
O museu de arte moderna de Istambul (Istanbul Modern) é uma paragem obrigatória para quem gosta de arte moderna bem como pelo facto de ter uma localização privilegiada junto ao rio permitindo um almoço bastante agradável no seu terraço. A fotografia ilustra parte de uma obra da exposição intitulada "Past and Future", uma das várias exposições patentes no museu.
A Salt é um espaço cultural com oferta diversificada e que merece uma visita. A imagem foi tirada na Salt Beyoglu e pode ver-se a passar o típico tram que atravessa este bairro.
Imagem de uma obra exposta no Pera Museum alusiva à exposição Language of the Wall: Graffiti/ Street art
Espaços cool de Istambul para uma paragem para beber ou comer: Mums Cafe

Espaços cool de Istambul para uma paragem para beber ou comer: Ops Café
Espaços cool de Istambul para uma paragem para beber ou comer: Dem Karakoy
Espaços cool de Istambul para uma paragem para beber ou comer: Karabatak