Aquilo que me inspira, levo para casa.




21.3.13

Primavera!





Gosto tanto da primavera como de pão para a boca. Às vezes, mais pelo que imagino que ela possa dar, do que por aquilo que realmente me oferece. Porém, imaginar que os dias longos e bonitos estão para chegar, e ficar, e que toda a natureza se enfeita e desfila como numa passarela, traz-me uma espécie de tranquilidade e de confiança.

Os dias turbulentos que o pais e o mundo atravessam têm competido para extravasar toda a poesia que possa existir no dia-a- dia. Se já é difícil treinar os olhos para ver beleza no quotidiano, tornar-se-á quase impossível extrair alegria a dias que se caracterizam por más notícias, conjecturas assustadoras, desesperança e descrença.

Por isso a primavera surge como um pequeno reduto de esperança, como uma gaveta de sol num móvel cuja madeira ameaça abolorecer.  Como o quentinho que tanto precisamos para aquecer os nossos pensamentos mais frios.

Obviamente, que quando neste preciso momento em que escrevo, olho para a janela e o tempo contradiz todas as palavras que aqui lancei, me sinto defraudada nas expectativas mas sei que até a chuva e o frio se irão reverenciar perante a primavera ou não fosse ela a responsável por anunciar a chegada de dias que se imaginam bons.

12.3.13

Frases que ficam #1

"Enquanto os pardais preferem voar no céu. Os reflexos dos pardais preferem voar nos rios."




"Tentei atirar a neve pela janela fora, mas continua a cair dentro do quarto. É como quando nos arrependemos do que dizemos. Atiramos as palavras para fora e elas caem dentro de nós."

11.3.13

Quando me encontro entre as paredes de uma livraria, esqueço-me que existe um mundo no exterior. No momento, basta-me aquele que partilho com o livro que folheio.  O revirar das páginas anestesia-me com o aroma a letras e a imagens impressas. 

Primeiro foi pela literatura, mas ao longo do tempo dei por mim a apaixonar-me pela fotografia.  A par das palavras projectadas pelos grandes nomes da escrita, aprecio em larga medida aquilo que podendo ser considerado o oposto – as imagens divulgadas por nomes desconhecidos – é, para mim, um acabamento.  Um bom romance enriquece o intelecto, uma boa fotografia engrandece a criatividade.  Mais que isto gosto de partilhas e de conceitos ou de conceitos assentes em partilhas, gosto de estilos de vida e estados de alma e por isso os livros se atropelam lutando para granjear  o estatuto de preferidos. 

Nunca nenhum o conseguirá. Gosto demasiado de demasiada coisa. Jamais serei singular. Hoje, este é o livro de destaque, amanhã caberá a outro a distinção.




7.3.13

Detalhes

Londres. Londres em detalhes.

A beleza das coisas está escondida nos detalhes, daqueles que escapam à miopia dos que passam olhando sem ver, deambulando sem reparar. Gosto de neles me perder para os reencontrar na esquina seguinte expostos ao mundo- uma janela que se deixa enfeitar, uma porta que esconde segredos, um puxador que aguarda quem o toque, um relógio que avisa que o tempo existe, um candeeiro que adorna a luz que emite, uma escada cujos degraus sobem na elegância. Tudo é capaz de resistir à passividade com que se olha quando, para além do olhar, se admira.








Andar à toa, seguir os passos em ruas aleatórias, espreitar as montras que se exibem, visitar o local que se queria e acabar a descobrir outro que ditará a passagem numa outra viagem. Espaços que se acumulam na memória, memória que se estica para dar colo à imensidão que se quer guardar, ganhar mundo e perder a conta do quanto se ganhou porque o muito não se contabiliza, somente se sente.





As cidades são isto, seres holísticos, com vida própria, capazes de ser amadas e de fazer amar. Doem no desapego, incomodam na distância, apaziguam quando lembradas. Os detalhes, esses ficam. Os meus, deixo-os por aqui.