Aquilo que me inspira, levo para casa.




21.4.15

A minha vida conta-me muitas histórias e eu não quero perder nenhuma delas.


A vida é feita de histórias, milhares delas reunidas num qualquer lugar que não tem nome nem espaço mas que constitui o reservatório de tudo o que vivemos. As nossas histórias são feitas de material mnésico partilhado sob a forma do retrato com que queremos emoldurar a nossa história vivida. Mas as nossas histórias também estão repletas de factos que nunca mais nos lembraremos porque a memória os tratou de colocar na reciclagem ou porque as nossas sinapses trataram de efectuar uma triagem criteriosa a tudo o que foi classificado como desinteressante. Ficam ainda as histórias que desconhecemos, nas quais fomos personagens de um conteúdo ao qual ficámos alheios podendo, contudo, a sua importância ter exercido um impacto, relevante, porém desconhecido, em nós. 

Esta multidisciplinaridade de histórias torna, por um lado, a percepção de que é pobre o conhecimento que detemos sobre nós, mas ao mesmo tempo mostra-nos quão ricos podemos ser porque absortos na intrincada malha das realidades em que nos encontramos envolvidos e nas potenciais escolhas que nos são dadas para dar conta desse novelo. 

Façamos de todos nós coleccionadores de histórias, contando-as com o sentido que nos couber na vontade e deixando-as serem ouvidas com a possibilidade perceptiva de quem nos escuta. O resultado desse processo será um acto de comunicação que poderá influenciar o auto-conceito mas também ditará a forma de conceitos que os outros reunirão sobre nós.

Por isso digo, que às minhas histórias lhes ditarei um destino, o de guardá-las comigo para que possa fazer delas o meu legado, mesmo que possam existir filtros e véus de tule de imaginação que mascarem o que foi a realidade. A minha história é aquilo em que acredito que me lembro e se esse lembrar desrespeitar algumas evidências, não o tentarei corrigir ou então corro o risco da história deixar de ser a minha. 


16.4.15

Domingos

É disto que os meus olhos gostam. É disto que os meus domingos anseiam. Há portanto alegria no meu interior e um sabor de prazer cumprido. Acordar ainda cedo, despachar enquanto ainda nem o gato teve tempo de se  despedir do seu morno aconchego, e sair ao encontro do sol que, orgulhosamente, cumpre o papel que maior protagonismo lhe dá, o de permitir ver o azul do céu e de sentir na pele o calor em forma de conforto. Depois é só deixar o dia fluir, o carro trata de nos levar a alma para onde quisermos que ela vá, a música embeleza o pouco que a paisagem deixa por fazer e as fotografias acumulam-se ao deslumbre. Já são mantras visuais aqueles locais que nunca a repetição se lhes aplica. São sempre vistos como a primeira vez porque efectivamente eles se renovam a cada momento consoante a cor do dia e a tonalidade dos pensamentos que carregamos connosco, Neste domingo não poderia esperar que a sua beleza estivesse de melhor saúde. A Arrábida respira-se, come-se, vive-se, fotografa-se, regista-se mas acima de tudo aprecia-se, com uma facilidade que a amacia perante tudo.

E na Arrábida há de tudo, até o carisma que alguns locais podem oferecer com a visão do seu abandono. É possível que o abandono torne um local interessante? Parece ser quando o humanizamos, quando lhe conseguimos ver o seu melhor ângulo, quando sobrevalorizamos o seu potencial, quando esquecemos aquilo que ele foi e projectamos tudo aquilo que ele poderá ser. Quando o dignificamos trazendo-o fotografado e expondo-o ao mundo em toda a sua graça. A decadência tem um lado de beleza se fizermos dela algo nobre que contrarie o processo irreversível do seu desgaste. 

E eu gosto disto. E os meus domingos podiam ser todos assim, com azul, verde, gente, despojos e capacidade de apreciar a beleza mesmo aquela que parece tímida.












4.4.15

Hala Madrid!

Uma passagem rápida, a trabalho, pela capital espanhola, permitiu-me reunir mais um conjunto de fotografias e revisitar locais de eleição. É tão diferente visitar uma cidade em lazer ou em trabalho. Os olhos captam o mesmo mas o cérebro processa por mecanismos tão díspares que é quase como se não se reconhecesse, por completo, os espaços onde já estive tantas outras vezes. 

Depois, conhecer os ritmos de um quotidiano profissional, privar com espaços de trabalho é toda uma outra vertente que enriquece aquilo que se conhece de um espaço. 

Ficam as fotos (e muito trabalho para desenvolver, mas isso para aqui pouco interessa ;)












2.4.15

Adeus!


Ter de decidir pela partida de qualquer ser é coisa que não deveria nunca ter de ser feita. A Natureza deveria ter mecanismos que regulassem este momento tornando-o o mais indolor possível e alheio de qualquer decisão humana. Foste nosso amigo durante 17 anos, e amigo é uma palavra que insuficientemente expressa a quantidade de amizade que nos dedicaste. Mas as partidas são inevitáveis e é o seu definitivo que magoa e entristece. Aprendemos contigo muita coisa e quero acreditar que te demos em troca todo o afecto que merecias. Não mo custa crer pela forma como sempre nos recebeste e nos olhaste, tão docemente quanto é permitido a um felino.

Adeus meu fiel amigo! Foi um privilégio ter-te tido como companheiro. Guardarei sempre comigo o som do teu ronronar.

E desculpa o que de melhor não consegui fazer.