Aquilo que me inspira, levo para casa.




16.4.15

Domingos

É disto que os meus olhos gostam. É disto que os meus domingos anseiam. Há portanto alegria no meu interior e um sabor de prazer cumprido. Acordar ainda cedo, despachar enquanto ainda nem o gato teve tempo de se  despedir do seu morno aconchego, e sair ao encontro do sol que, orgulhosamente, cumpre o papel que maior protagonismo lhe dá, o de permitir ver o azul do céu e de sentir na pele o calor em forma de conforto. Depois é só deixar o dia fluir, o carro trata de nos levar a alma para onde quisermos que ela vá, a música embeleza o pouco que a paisagem deixa por fazer e as fotografias acumulam-se ao deslumbre. Já são mantras visuais aqueles locais que nunca a repetição se lhes aplica. São sempre vistos como a primeira vez porque efectivamente eles se renovam a cada momento consoante a cor do dia e a tonalidade dos pensamentos que carregamos connosco, Neste domingo não poderia esperar que a sua beleza estivesse de melhor saúde. A Arrábida respira-se, come-se, vive-se, fotografa-se, regista-se mas acima de tudo aprecia-se, com uma facilidade que a amacia perante tudo.

E na Arrábida há de tudo, até o carisma que alguns locais podem oferecer com a visão do seu abandono. É possível que o abandono torne um local interessante? Parece ser quando o humanizamos, quando lhe conseguimos ver o seu melhor ângulo, quando sobrevalorizamos o seu potencial, quando esquecemos aquilo que ele foi e projectamos tudo aquilo que ele poderá ser. Quando o dignificamos trazendo-o fotografado e expondo-o ao mundo em toda a sua graça. A decadência tem um lado de beleza se fizermos dela algo nobre que contrarie o processo irreversível do seu desgaste. 

E eu gosto disto. E os meus domingos podiam ser todos assim, com azul, verde, gente, despojos e capacidade de apreciar a beleza mesmo aquela que parece tímida.












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