Aquilo que me inspira, levo para casa.




5.1.14

:: chuva ::


Não consigo gostar de tantos dias de chuva. Consigo gostar da chuva que se cruza com o sol, da chuva que fala alto mas que em seguida sossega, da chuva que nos cumprimenta à pressa para ir visitar outros que, provavelmente, a esperam.

Não consigo gostar de não ver o azul que cobre o céu. Consigo gostar de céus cinzentos amantizados de nuvens passageiras, de céus plúmbeos que põem à vista arco-íris, de azuis pálidos avivados nas manhãs seguintes.

Consigo gostar do Inverno quando existem notas cálidas à solta dentro de casa, quando recebo abraços quentes que tornam insignificante o calor das mantas, quando existem ambientes aquecidos pela ebulição de afectos . 

Consigo gostar de dias frios, quando me esperam chamas na lareira, quando há música a encher o espaço livre da casa, quando aguardo um forno repleto de aromas que se comem, quando me espera um livro com letras que ainda não li.

Não gosto do despotismo da chuva nem da tirania do céu cinzento mas amo incomensuravelmente a capacidade de lhes retirar o poder distribuindo-o por pequenas coisas que valem a pena. 

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