Aquilo que me inspira, levo para casa.




10.2.15

Saber apreciar é saber viver


Fazer uma apreciação positiva da nossa vida nem sempre é fácil e não digo isto achando que todos temos vidas repletas de desgraças e de infortúnios que nos amputam na capacidade de apreciá-la. Digo isto porque sei da incapacidade generalizada em saber reconhecer que uma vida boa não tem de ser uma vida perfeita. Numa vida boa, há acontecimentos bons e maus, há emoções negativas e positivas acompanhadas de pensamentos em igual registo. Há corpos tensos, mãos suadas, caras inflamadas mas também há mãos arranjadas, corpos em indolência e olhos que admiram. Há espaço para tudo e há espaço para que esse tudo possa ser armazenado e devidamente inventariado, com a imparcialidade necessária para não influenciar o julgamento.  

Bem, mas esta conversa não surge do acaso, a sua origem encontra-se ligada a um exercício de desenvolvimento pessoal que tive de fazer e que consistia exactamente na apreciação positiva da minha vida. Focar-me nas soluções e não nos problemas, focar-me naquilo que aprendi, naquilo que melhor recolhi para me influenciar enquanto pessoa, focar-me nas pessoas que foram mais importante e, nunca deixando de lado os momentos menos bons, saber retirar destes os ensinamentos que nos fortalecem e que nos ensinam a continuar a viver e a continuar a saber apreciar a vida.

Não, não sou nada espiritual, não sou dada a esoterismos nem sequer acredito no poder do universo ou nas conspirações que este possa fazer a nosso favor. Apesar de emotiva, sou uma mulher da lógica, da ciência, dos experimentos, dos factos provados mas acredito muito no ser humano e nas suas infinitas capacidades para se desenvolver, para crescer, para florescer, para encontrar a felicidade que tanto procura mas que tão pouco faz para a encontrar. Querer ser feliz, estando parado e numa atitude de lamento será porventura muito mais difícil, Pode acontecer, porque a felicidade é tão subjectiva que se pode esconder nas mais estranhas condições. Contudo, não será com certeza a forma mais provável de a obter e muito menos a mais sustentável. Porque ser feliz e ter uma vida boa requer acção, esforço, atitude, proactividade, empenho, compromisso e significado. E, convenhamos que tudo isto custa, ainda para mais porque para que a máquina funcione precisamos dos outros, das nossas relações sociais, dos nossos grupos de pertença, dos familiares, amigos, colegas, dos nossos buddies. Há um sem número de atributos que fazem com que a vida valha a pena ser vivida mas muitos deles são subjectivos e estão na nossa capacidade de os chamar a nós e  reconhecê-los como os nossos atributos da felicidade.

Voltando ao meu exercício, também eu experimentei a dificuldade em conseguir apreciar positivamente todos os momentos da minha vida. Alguns sei que são impossíveis de o conseguir mas, não só dei especial crédito aos restantes (aqueles que eu sei que efectivamente me fizeram feliz) como retirei os ensinamentos possíveis da minha vulnerabilidade. 

Teria muito mais para dizer (talvez o vá fazendo em outros posts) mas neste tenho ainda para mostrar os meus lifeboards, os meus destaques de uma vida e que deram origem a quatro composições fantásticas, cheias de cor, de alegria, de energia e repletas daquilo que sou e daquilo que sinto como meu. 

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