Aquilo que me inspira, levo para casa.




20.5.15

O meu lugar no mundo


Às vezes penso, impulsivamente, que o mundo é um lugar hediondo, que a injustiça bebe a beleza ao mar, que a violência esconde a imponência ao sol e que a intolerância faz desaparecer a melodia à música.

Depois, apercebo-me que a minha visão é selectiva e que se olhar para o lado vou descobrir os heróis desconhecidos que abundam no mundo, aqueles que no anonimato dão de si aos outros, refazem vidas, dão conteúdo a histórias que acharíamos banais.

Por fim, tomo consciência do acto social recorrente de semear a raiva que cresce entre as gentes, população com revolta no seu interior que descrê no futuro e que vê no pessimismo o único lugar possível para andar.

O que somos não é mais do que o produto do que a sociedade faz de nós mas o que na realidade conhecemos do mundo é tão limitado que a parte que nos influencia é uma milésima daquilo que o mundo realmente é. Por isso é que abrir os olhos e descobrir, sem erros de julgamento, que o mundo é um lugar que pode ser pintado em tons de rosa, é o primeiro passo para manter a sanidade mental.

É que se tendemos a achar que o mundo é um lugar sórdido, vamos sempre seleccionar as evidências que confirmam este nosso pensar. Mas se dermos o benefício da dúvida, e ganharmos a noção de que o que vemos pode não ser uma amostra representativa daquilo que sucede, então podemos tender a achar que o mundo é um lugar de esperança e que no meio de actos atrozes há sempre aqueles que fazem da generosidade uma forma de vida. Quando chegarmos a este patamar então a selecção das evidências passará a ter como requisito aquelas que confirmam que o mundo é bom. Também não quero que sejamos uns optimistas lunáticos que escondem a cabeça na areia e só a tirem quando sentem que voltou a paz. Mas gostaria que ganhássemos imparcialidade para avaliar com clareza que nem tudo é mau e que nem sempre uma parte representa o todo e que há muitas pessoas dignas de serem admiradas e colocadas em manchetes de jornais como provas puras de que afinal a maldade não tem uma presença genética assim tão recorrente.

É por isso que faço por não esquecer as pessoas que conheço e que me dão provas da bondade que atravessa a humanidade, preservando-a da erosão deste pessimismo contagiante.

Ah claro, posso ser apelidada de romântica, ingénua, demagoga, lunática, alienada, enviesada, posso deter comigo todos os adjectivos que equivalem a credulidade ou os jargões científicos que me rotulem como louca, mas acharei sempre que reúno a clarividência para não resumir a minha visão do mundo aquela que me querem dar e saberei sempre reconhecer o valor daqueles que contribuem para um mundo melhor ainda que o façam com pouca assistência e em moléculas pouco visíveis e cujo efeito não é captado pelos manipuladores de opinião.

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