Aquilo que me inspira, levo para casa.




28.7.17

A luz da Islândia

Campo de flores às 23h

Era para não ter acontecido. Não que não tivesse sido dedicadamente planeada - objecto de amor desde que decidida - porém, as circunstâncias pareciam empurrá-la para ser alvo da prudência. Tentámos adiá-la na iminência de ser realizada numa altura melhor para os nossos ânimos. Mas não foi possível e foi esse impossível que nos fez felizes durante os 7 dias que percorremos a Islândia num círculo perfeito.   

A Islândia é o país ideal para quem gosta de natureza e de ser surpreendido por esta a cada instante. O assombro é a emoção distintiva de quem visita esta ilha. Apesar das suas pitorescas cidades, e em especial da sua capital Reiquiavique, terem uma oferta mais próxima do tipicamente citadino, é nas suas paisagens desérticas e afastadas dos polos de construção humana que reside a exuberância do seu encanto.

Cada local é exclusivo na sua beleza e é na sua singularidade que encontramos o motivo para nos apaixonarmos por cada espaço. Na Islândia, a paixão tem o perímetro da sua dimensão porque toda a ilha é capaz de fazer renovar o nascimento deste afecto.

Há vulcões, crateras, glaciares, campos de lava, águas termais, montanhas, neve, campos de lupinos, cascatas, lagos, mar; Há muito verde, amarelo, castanho, lilás, branco, azul; Abunda a imensidão, a quietude, a paz, a calma, o sossego, o desapego pelo mundano.

Gostei particularmente de não haver noite. Apesar de existirem horas definidas para o pôr e o nascer do sol, na realidade nunca escurece e para quem está maravilhado com a natureza em seu redor, saber que esta se encontra sempre visível, é uma bênção que faz perdoar as temperaturas mais frias advindas da proximidade ao polo norte. E depois, ter connosco, durante muitas horas, aquela luz de fim de tarde, oferecendo ao horizonte a tonalidade delicada de um sol esbatido mas que não se vence, é ter a noção de que os dias são intermináveis e de que tudo adquire uma cor de postal sem precisar de filtros de embelezamento.    

Em 7 dias dá para ver muita coisa, a grande maioria das atracções ficam próximas da principal estrada que dá a volta à ilha- Ring Road- e por isso não nos sentimos defraudados com o que vimos numa semana de viagem. Ainda assim, mais tempo teria permitido maior descoberta e mais contemplação, atributos que teriam tornado a viagem ainda mais memorável. Acredito que as surpresas que a Islândia reserva, e que estão fora dos principais circuitos turísticos serão, com certeza, muitas e por isso, alugar um carro que permita aceder a terrenos mais difíceis permitindo singrar pelo interior e pelas terras altas da ilha seria com certeza algo que não nos iríamos arrepender. Porém, esta expectativa não cumprida servirá de âncora para um regresso (para além das muitas outras que fomos deixando nas nossas paragens). 

Para já fica guardado, em espaços privilegiados da memória, tudo o que vimos e sentimos durante esta semana. Soubemos respeitar os nossos tempos e os nossos desejos em conexão com as particularidades de uma natureza tão inóspita quanto fascinante. Conseguimos celebrar a vida e aquilo que este mundo gigante oferece. Sítios assim, que nos oferecem um mundo terreno que nos aproxima do transcendental, fazem-nos sentir a alegria imensa do que é viajar fora e dentro de nós no sentido do nosso crescimento pessoal, da cumplicidade com quem partilhamos o momento e da serenidade que se perpetua enquanto as memórias eclodirem com maior expansão.  


Voo pela Icelandair

Lagoa Azul
Reiquiavique
Gullfoss
Geysir
Kerid
Skogafoss
Seljalandfoss
Black Sand Beach- Vik
Vik
Dyrhólaey- Vik


Glacier Lagoon
Glacier Lagoon
Ring Road
Campos de Lava
Lagarfljót
Lagarfljót
Ring Road
Dettifoss
Dettifoss
Hverir
Krafla
Prato de bacalhau (deliciosamente confeccionado no Fosshotel Myvatn)
Sala do restaurante do Fosshotel Myvatn
Algures a atravessar a Islândia
Akureyri
Siglufjordur
Hvitserkur

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