Aquilo que me inspira, levo para casa.




31.1.13

A viagem à India de Gonçalo M. Tavares



Escrito de uma forma invulgar, este livro mostra com exuberância todas as qualidades literárias do Gonçalo M. Tavares. Não sou crítica literária, nem tenho qualquer pretensão em elaborar comentários intelectuais que posicionem a obra deste escritor. Sou simplesmente uma leitora assídua, que já leu alguma coisinha ao longo dos anos o que faz de mim alguém capaz de ter uma ideia do que é um livro bom ou mau. Parece-me a mim, e este parecer não será uma mera suposição mas uma certeza validada pelos verdadeiros críticos literários, que o Gonçalo M. Tavares ainda vai dar muitas cartas.

Este não é um livro fácil de se ler. Aliás, à primeira leitura parece necessitar de uma concentração extra para ser lido. No entanto, depois de nos habituarmos à escrita epopeica, ao revivalismo camoniano, aos capítulos que dão lugar a cantos, aos parágrafos que não são mais do que estrofes, deixamo-nos contagiar pela vida do personagem Bloom e nessa altura as linhas sucedem-se sem que demos conta que o número de estrofes lidas nos encaminham para o seu final.

Sempre que leio os livros do Gonçalo tenho a sensação de que o cérebro dele fervilha e que é constantemente abordado por um incontornável número de ideias. A sucessão de pensamentos e de ideias, e a riqueza com que constrói as personagens (basta conhecer O Bairro para se perceber do que falo) fazem dele um génio da escrita. Mais que tudo fico muito feliz por este escritor sublime ser português, da minha geração e por saber elevar, tão bem, a qualidade da literatura portuguesa. Escreve-se muito bem em Portugal e a herança do Nobel estará porventura garantida.      

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