Aquilo que me inspira, levo para casa.




9.1.13

O segredo de José Luís Peixoto



Já não constitui um segredo para mim o conteúdo do mais recente livro de José Luís Peixoto (JLP). Escrito num estilo mais leve que o seu registo habitual, o livro narra a passagem do seu autor pela Coreia do Norte, o país mais fechado do mundo que, por isso, encerra consigo todo um sentimento misto de curiosidade e antipatia que em muito contribui para a sua cotação de fascínio. Habituados que estamos a ter notícias da Coreia do Norte provindas essencialmente da comunicação social, que ainda não há muito tempo nos encheu de imagens relacionadas com a morte do seu “Querido Líder”, ler histórias contadas, na primeira pessoa, por quem pisou aquele território, embora o próprio admita que a realidade que lhe mostraram foi tingida de algum fingimento, é motivo para uma leitura cheia de interesse.

O tema é, pois, uma garantia de sucesso. À descrição da viagem, o autor soube juntar uma, bem doseada, porção de percepções pessoais que amenizam a dureza da realidade descrita e nos fazem rir de pormenores que só o ser humano consegue protagonizar.

Mas eu estou certa que a maior contribuição desta viagem, para a escrita do JLP, não ficou, de todo, restringida a este livro. Este será porventura uma pequena demonstração da riqueza interior que esta experiência lhe terá dado. Descreveu-o demasiado restringido aos factos, demasiado próximo ao tempo em que tudo aconteceu.  O distanciamento mental necessário para uma abordagem mais introspectiva estará, muito provavelmente, a fermentar. Aguardo, por isso, com expectativa, embora o fizesse de qualquer forma, as suas próximas escritas, estando certa que nelas conseguirei vislumbrar, de forma mais ou menos exposta, as influências despoletadas por esta viagem que apesar de no destino ter o país mais fechado do mundo, com certeza lhe terá aberto muitas portas do seu mundo interior.

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