Aquilo que me inspira, levo para casa.




20.2.14

:: hoje, estou assim, amanhã, por princípio, estarei melhor ::

Photo credits :: aisha.yusaf

Olho para a janela e vejo chuva. Penso em música e ligo o rádio mas são as mesmas vozes que intercalam as mesmíssimas playlists. Opto por ouvir online e recorro à minha própria selecção musical. O pequeno-almoço chega sem imaginação, não houve tempo para a dedicação que esta refeição me merece (quem me dera poder alimentar-me de poesia!).  No email chegam em catadupa mensagens de resposta. Depois de lidas e arquivadas seguem para o relatório que me encontro a produzir e que já vai longo.  Uma visita rápida às notícias do dia, fazem-me perceber que os temas não diferem muito dos do dia anterior. As más notícias mantêm-se. As boas têm, cada vez mais, uma quota reduzida nos noticiários.

Olho para a janela e vejo chuva. Apetece-me um café e trato disso. Sorvo-o na minha secretária, imaginando-o a ser bebido em qualquer outro lugar digno de ser contado. Dou uma vista de olhos pelo instagram. Pequenos-almoços deliciosos abundam nas galerias de imagem e fazem-me lembrar que um dia serei assim, a fazer somente “bom e bonito”.  Regresso ao computador e numa mescla de letras e números, faço o trabalho que me compete e ainda acrescento mais qualquer coisa.

Olho para a janela e a chuva continua a cair. Traços oblíquos atravessam a minha janela e conservam o ar cinzento, sem graça, das horas que passam. O conservadorismo tomou conta destes dias de inverno. Há chuva lá fora mas há secura nas fontes de conversa. Procuro, como sempre o faço, inspirar-me com aquilo que me motiva mas já não aguento os espirros e as bebidas quentes servidos à mesma refeição. Já não suporto baralhar as cartas e voltar a dar o mesmo, mudar a ordem dos factores e chegar ao mesmo resultado (de repente surge-me à memória as propriedades da multiplicação!). No mesmo dia há enfado e a tentativa de desfazer os seus nós. Dói-me o corpo e a alma está apertada. Tenho novelos de confusão por entre os pensamentos mas as mãos não me chegam para os agarrar e deitar fora. 

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