Nunca fui, e dificilmente serei, fundamentalista.
Gosto de ligações, de fios condutores de "es". Jamais acharei que a
razão se encontra instalada de um só lado e que ao outro cabe somente assumir a
sua ausência. Ser fundamentalista implica estar única e totalmente de um dos
lados da barricada nunca se isentando desse comprometimento absoluto. Como no
fundamentalismo só há “ous” o mínimo deslize aos seguimentos de uma vertente
implica que tacitamente se esteja do outro lado. Ou se é amigo ou se é
inimigo. Ou se ama ou se odeia. Ou se defende tudo ou não se defende nada. Não
consigo ter para mim este absolutismo de opinião. Sou demasiado relativista
ainda que convictamente. Porque não confundo convicções com fundamentalismos. Existem
demasiadas áreas cinzentas para que somente o preto e o branco sejam
defensáveis . Sou mais por encontrar a virtude ainda que não no meio, pelo
menos no caminho entre uma ponta e outra. Aprecio verdadeiramente o acto de
encontrar a ligação entre as coisas, de testar o contraditório, de confrontar
as verdades encarnando o papel de “advogado do diabo”. Não, o fundamentalismo
não me assenta. É demasiado próximo da intolerância. Amigo chegado e
confidente. O tudo ou nada assusta-me. Já o equilíbrio, é algo perfeito.
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