Aquilo que me inspira, levo para casa.




9.12.13

Síndrome de Estocolmo


Gigante implacável ou ponte de vistas maravilhosas, eis como pode ser notada a Ponte 25 de Abril, dependendo dos olhos de quem a atravessa Para a maioria dos moradores da margem norte do Tejo, esta ponte é um papão, um qualquer monstro que nos tiraniza e que deve a todo o custo ser evitado, o que faz dos moradores da margem sul do Tejo, vítimas dignas de compaixão. Já perdi a conta ao número de vezes que vi alguém olhar-me com cara de piedade após saber que a percorro todos os dias. Pela lógica de quem se julga com a sorte de a apenas atravessar rumo a férias, a minha relação para com ela deveria ser de evitamento e repulsa já que algumas horas do meu dia são reféns desta construção humana especialista em provocar trânsito. Lamento desapontar quem é defensor da ideia de que nos devemos sentir infelizes por passar algum tempo no trânsito, dizendo que sou suficientemente resiliente para achar graça à ponte 25 de Abril e conseguir olhá-la para além dos múltiplos carros que lhe pesam no regaço. Obviamente que não sou totalmente imune ao excesso de tráfego que por vezes se faz sentir. Já recebi reclamações severas do meu sistema nervoso pelo tempo em demasia no pára-arranca. Mas a maioria das vezes troco as voltas ao óbvio e deixo-me apaixonar por este agressor das minhas manhãs e finais de tarde. Afinal de contas, há coisas que não podemos solucionar mas podemos sempre escolher a forma como as encaramos. Como sou pelas escolhas, preferi não sucumbir à ideia de tempo perdido e considerar que as horas no trânsito podem também ser horas ganhas dependo do uso que se lhes dá.

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